VIE 26 DE ABRIL DE 2024 - 03:43hs.
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Os investimentos e a visão do Grupo Globo nos eSports brasileiros

A ascensão dos eSports no Brasil teve um poderoso aliado na Globo, maior grupo de comunicação do país e dona do maior canal de TV do país, que tem apoiado fortemente a cena e ainda investe no desenvolvimento dela, inclusive oferecendo suas próprias iniciativas competitivas. Após recente parceria entre Globo, ESL, DreamHack e outros, a empresa de mídia conversou com o The Esports Observer (TEO) para compartilhar alguns de seus pontos de vista e percepções.

Os investimentos e a visão do Grupo Globo nos eSports brasileiros

Crédito: Globo

Crédito: Globo

Hoje a Globo possui uma série de investimentos no cenário brasileiro de eSports abrangendo diversos eventos e notícias, tendo sua própria plataforma de matchmaking e team making, chamada de 'Player 1', e co-organizando eventos como a cerimônia de premiação ‘Prêmio eSports Brasil’ e a convenção Game XP. Também investe diretamente em ligas, tendo participações no Campeonato Brasileiro de Counter-Strike (CBCS), duas divisões da Liga Brasileira de Free Fire (LBFF), além de jogos universitários e escolares.

O chefe de Jogos e eSports da Globo, Leandro Valentim, disse à TEO que essas iniciativas são um esforço para estabelecer uma conexão com a comunidade: “Entendemos que, a princípio, seria fundamental gerar valor a partir das iniciativas que desenvolvemos, como o Prêmio eSports Brasil, Game XP e campeonatos proprietários. Para isso, levamos todo o cenário do esports para o dia-a-dia, nos programas da Globo, com exposição na TV aberta, no SporTV (canal de esportes da TV paga da Globo) e no GE (site de notícias esportivas da Globo). Ao mesmo tempo, identificamos a importância de ter legitimidade e falar a mesma língua desse público”.

Valentim também destacou a relevância de trazer os parceiros certos a bordo: “Estabelecemos sólidas parcerias com as principais editoras do mundo, que têm o Brasil como mercado prioritário, e trouxemos influenciadores reconhecidos na comunidade. Por fim, a opção não foi fazer ações isoladas, mas fazer uma construção de longo prazo”. Quando questionado sobre o porquê de fazer um projeto tão grande em eSports, o diretor indica uma tendência que pode afetar fortemente o futuro da cobertura esportiva, pois “o número crescente de jogadores e fãs de eSports nos fez estudar todo esse mercado”.

A Globo compartilhou alguns de seus números de audiência com a TEO. Até julho, o departamento de eSports da GE teve 3% a mais de page views em relação a todo o ano de 2019. Foram 12 milhões de usuários acessando de janeiro a julho, sendo 37% desses acessos feitos por novos usuários.

Esses marcos recentes são fruto de mais de uma década de trabalho, segundo Valentim: “Começamos com uma fase experimental, em 2008, quando exibimos o Champinship Gaming Series (CGS) e o World Series of Video Games nos canais SporTV - líder entre os esportes na TV por assinatura. Em abril de 2016, mostramos Dota 2 ao vivo na ESL Manila, e a partir daí começamos a exibir e cobrir os maiores eventos de eSports do mundo, em modalidades como League of Legends, Dota 2, Counter-Strike: Global Offensive, EA SPORTS FIFA e Pro Evolution Soccer.”

Questionado sobre o futuro dos eSports no Brasil, Valentim diz que é “muito promissor. “Tenho um olhar otimista em todos os sentidos”, disse ele. “Do ponto de vista empresarial, vemos a chegada de novas ligas e atualizações de modelos de negócios, como a migração do CBLoL [Campeonato Brasileiro de League of Legends] para o modelo de franquia. Além disso, novos jogos competitivos começam a estruturar campeonatos, o crescimento do mobile nos esportes eletrônicos e o fortalecimento das organizações.

“Do lado esportivo, teremos ainda mais atletas brasileiros disputando finais, e o país está se tornando um ponto de atenção das maiores editoras do mundo. Tudo isso vai expandir a oferta para esta comunidade cada vez mais apaixonada, e veremos cada vez mais marcas não endêmicas apoiando o desenvolvimento de esportes eletrônicos no Brasil.”

Esportes e eSports

Líder na transmissão das principais ligas profissionais do futebol brasileiro, a Globo tem enfrentado desafios cada vez maiores para garantir os direitos de imagem dos jogos. Recentemente, até abriu mão dos direitos de transmissão do Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, alegando que o contrato de exclusividade foi violado.

A TEO perguntou a Valentim se o investimento e o aumento da atenção aos eSports poderiam ser de alguma forma uma preparação para o público ver menos futebol e mais eSports nos canais da Globo. Valentim acrescentou que “o esporte eletrônico segue um caminho independente dentro da empresa”.

Fonte: The eSports Observer (por Victor Frascarelli)