JUE 25 DE DICIEMBRE DE 2025 - 15:43hs.
Witoldo Hendrich Junior, gerente da Online IPS na América Latina

“A crise política do Brasil pode ajudar a acelerar a regulamentação do jogo”

(Exclusivo GMB) - Com foco no mercado de jogos online, o empresário afirma que o atual momento político pode ajudar os projetos de regulamentação do jogo a serem votados em breve. Porém, ele ainda enxerga problemas nas propostas em tramitação: 'Tenho que conciliar a minha pressa para a aprovação, com o desejo de que venha algo bem feito do Congresso. Do jeito que está hoje, está meio capenga'. Witoldo será painelista no BGC 2017.

O empresario, sócio-fundador da empresa Online IPS Brazil (International Processing Solutions), fará parte do painel "Jogo Online - migrando de um mercado cinza para o regulamentado” no próximo dia 27 de junho no Brazilian Gaming Congress 2017 em São Paulo. Antes, esteve na redação do Games Magazine Brasil para una entrevista exclusiva onde analisou o futuro dos jogos online no pais: 

GMB – Explique um pouco sobre o que é a Online IPS. Como ela surgiu e quais os diferenciais dela em relação às outras empresas de processo de pagamentos?
Witoldo Hendrinch - Eu tive a felicidade de na minha carreira profissional de conhecer dois americanos, que são meus sócios, e tem uma empresa de processamento de pagamento eletrônico: cartão de crédito, boleto bancário, transferência direta, etc. Eu já trabalhava com consultoria de empresa porque eu sou advogado tributarista, dou aula de direto tributário na PUC-RJ e em outras universidades. Quando eu tive a oportunidade de trabalhar como a Online IPS, a gente começou a prestar um serviço desde a consultoria jurídica inicial até o último momento onde o cliente recebia efetivamente o dinheiro dos serviços que foram prestados, sempre no campo online. A gente teve a felicidade de conseguir conciliar minhas duas empresas para fornecer ao cliente uma solução que é completa. Nós atuamos no mercado adulto (sites de relacionamento) e com a provável legalização dos jogos no Brasil, nós estamos com as atenções voltadas para o mercado que vai se abrir no futuro. Uma coisa importante sobre a processadora de pagamentos é que a empresa é americana, nós temos sede em Miami, temos filial em Los Angeles, filial instalada no Rio de Janeiro; estamos na Colômbia, na Europa. Então, a gente consegue processar transações dos nossos clientes basicamente em qualquer lugar do mundo, nas mais comuns moedas possíveis. Isso é nosso destaque em relação a outros provedores do serviço.

Qual o principal objetivo da empresa ao entrar no futuro mercado de jogo brasileiro?Nosso objetivo, uma vez regulamentado o jogo no Brasil, é poder atender qualquer vertente de jogo que seja online. Tudo que ocorrer pela internet, nós temos condição de atender. Assim que a legislação avançar nesse sentido.

Em relação ao jogo online, vocês apostam em algumas vertentes em especial? Como as apostas esportivas e os fantasy games, que estão quando espaço no país?
Assim que a gente tiver a legislação tratando disso, eu acho que os fantasy games e as apostas esportivas vão tomar conta do mercado brasileiro. E a minha opinião tem o seguinte fundamento: é muito comum os brasileiros viajarem pra fora e jogarem num cassino; a gente já teve bingo no Brasil, o brasileiro está acostumado com bingo; a legislação que vem por ai vai liberar o jogo do bicho, o brasileiro já está habituado com isso; a loteria a gente tem. O que ainda tem uma demanda reprimida é justamente o fantasy games; a gente tem o Cartola FC, mas, ele é limitado comparado a outros sites semelhantes estrangeiros, e as apostas esportivas. É uma demanda reprimida que a gente não tem o habito de utilizar. Embora as pessoas conheçam os jogos, consigam brincar num cassino, essa parte de apostas esportivas a gente não tem ainda funcionando plenamente no Brasil.

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E como a Online IPS está acompanhando o processo de legalização dos jogos no Brasil? Considera que ele caminha em velocidade aceitável?
Eu diria que ele vinha caminhando em um passo bom, caminhando de uma forma rápida,, adequada, até que a gente teve essa confusão toda de impechmant, delação (ainda com a presidente Dilma Rouseff) e é natural que isso leve atenção tanto do governo federal quanto dos congressistas que eles direcionem sua atenção para outros temas. Passado esse momento, já no governo Temer, a casa legislativa se comprometeu em pelo menos votar, eu diria, temas que hoje são de maior importância, a reforma trabalhista,previdenciária,as medidas ante corrupção.. são temas que o país precisa senão aprovar, mas, pelo menos votar e ficar livre desses temas que são muito sensíveis. Passada essa etapa, ai vem o jogo. Eu diria que é o primeiro grande tema que seria votado depois dessas reformas todas seria o jogo.

Acredita que a crise política atual, que estourou com a delação da JBS, vai modificar o andamento do processo de regulamentação do jogo?
Eu tenho uma perspectiva interessante sobre isso o congresso nacional estava comprometido com o governo federal em aprovar as medidas já mencionadas; com o governo federal em corda bamba, como ta agora, eu acho muito improvável que algum deputado ou senador queira abraçar alguma causa antipática, como a reforma trabalhista sem saber se o governo sequer continua nas próximas semanas. Isso significa que esses temas que, embora prioritários eles são muito antipáticos aos olhos da opinião pública; pode ser que eles fiquem largados em segundo plano, porque ninguém quer se comprometer, o que abre espaço para os temas secundários poderem voltar a caminhar, como por exemplo, o jogo é um deles. Pode ser que essa confusão toda venha a empurrar novamente o jogo para a votação em plenário, justamente porque tirou do congresso a pressão por tratar desses temas que são antipáticos por natureza.

Entre os dois projetos de regulamentação do jogo que tramitam no congresso, qual dos dois são mais interessantes para o negócio de apostas online? O da câmara ou o do senado?
Os dois projetos possuem muitas falhas. No escritório nós fizemos uma nota técnica demonstrando o que precisa ser modificado em cada projeto, o que deu certo e o que deu errado em algum lugar do mundo, nesse projeto que a gente tem e eu tenho levado isso a deputados e senadores nesse ultimo ano. Um exemplo que eu posso dar é que tem um artigo no projeto do senado que diz que dois quintos dos cassinos instalados no Brasil tem estar em uma zona do norte e nordeste com o objetivo de fomentar o turismo. Embora o intuito de desenvolver uma área específica seja louvável, o efeito é o seguinte: se um operador internacional quiser fazer um cassino em São Paulo e um no Rio de Janeiro, a reguladora, que pode vir a ser criada, vai dizer não pode, porque 100% dos cassinos esta fora daquela área e eu só posso ter 60% dos cassinos fora daquela área. Significa que pra ter cassino em algum lugar do país eu tenho que ter primeiro lá. O projeto que esta na Câmara, ele não trata de maneira adequada a questão das apostas esportivas, deixa uma lacuna. Ninguém sabe ao certo quem vai poder operar, se vai ter um monopólio da Caixa. Então a gente precisa tornar isso mais claro pra poder avançar. Então, eu sou a favor de que a gente possa alterar os projetos, talvez mesclar os dois e tentar uma votação conjunta do que tocar os dois projetos adiante porque os dois possuem falhas que pode terminar com o não jogo no Brasil.

A tentativa de mesclar os dois projetos em um só não poderia causar um atraso na tramitação da lei do jogo? Ou pode até ser uma maneira de acelerar a regulamentação?
Essa é uma dúvida de quem está semanalmente em Brasília tem. O grande problema dos dois projetos que estão em tramitação no separadamente no Congresso é que: filho bonito, todo mundo quer ser pai! Então, todo mundo quer ser o pai desse projeto, apesar de toda a divergência de uma parcela da sociedade de que o jogo pode desagregar a família, que na verdade são preconceitos que a gente tem por que vive num ambiente onde o jogo não é regulado. Apesar disso tudo, eu não sei se conseguisse juntar os dois projetos se isso iria acelerar ou atrasar. É mais provável que atrase. Mas, eu prefiro uma coisa bem feita daqui a seis ou oito meses do que uma coisa capenga agora, porque concertar o capenga é muito difícil. Se a gente tiver que esperar seis ou oito meses, tudo bem, a gente está há 70 anos sem o jogo, não são seis meses que vão matar ninguém. Duas coisas me preocupam com o atraso: uma é que cada dia aparece um site novo hospedado em algum lugar com as pessoas jogando, cada dia que passa aparece mais um bingo um caça níquel. Quanto mais a gente demora, mais aparecem coisas ilegais nesse sentido. Então, a pressa que eu tenho de ver o projeto aprovado é que regulamentando a gente cessa esse cenário de ilegalidade. Por outro lado, eu tenho que conciliar a minha pressa com o desejo de que venha algo bem feito do congresso. Do jeito que está hoje, esta meio capenga.

Com um projeto bem feito, qual efeito espera que o jogo tenha no Brasil? Não só economicamente, mas, também como sociedade?
O que eu posso dizer sem medo de errar é: milhares de empregos. Isso por si só movimenta a economia tanto ou mais que o tributo em si. A pessoa que esta desempregada e consegue um emprego de garçom em um bingo ou de engenheiro pós-doutor na programação de um site de jogo eletrônico, veja que há todo um espectro de profissionais pra receber na industria do jogo. Cada vez que uma pessoa que está fora do mercado de trabalho e é reinserida através do jogo, ela consome e a economia vai se movimentando, a gente faz a roda girar. A parte tributária, o ganho financeiro, eu acho que no fundo ele é menor que o benefício que todos esses empregos podem trazer.

 

Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Pedro Henrique Feitosa