VIE 26 DE ABRIL DE 2024 - 15:13hs.
Rui Magalhães, CEO da Estoril Sol Digital

“Com bons regulamentos e sistema de impostos Brasil será ‘pole position’ mundial”

(Exclusivo GMB) - Rui Magalhães, CEO da Estoril Sol Digital, conversou com o GMB sobre as expectativas para a sua participação no BgC, que acontece de 22 a 24 abril, em São Paulo. Ele afirma estar curioso para ver como os últimos acontecimentos legislativos impactaram o setor no Brasil e que ainda confia no potencial do mercado brasileiro que pode ser o maior do mundo em pouco tempo. “O país rapidamente pode assumir a pole position em termos mundiais, podendo fazê-lo logo no 2º ou 3º ano de atividade”, aposta o empresário.

Rui Magalhães participa do painel CULTIVATE: NOVAS TENDÊNCIAS EM JOGOS no primeiro dia BgC 2018, terça-feira, 23 de abril às 16:30, que vai mostrar os caminhos  para desenvolver um mercado competitivo que responda às tendências futuras e às preferências dos jogadores debatendo: o marketing para as novas gerações; as novas tecnologias, ferramentas e conceitos para melhorar a indústria terrestre e os eSports: Como encaixar essa tendência no mercado de jogos de azar? O CEO da Estoril Sol Digital irá dividir o palco com Francisco Javier Vidal Caamaño, COO da Sortis e Golden Lion Casino.

GMB - Você estará presente no BGC no mês de abril em São Paulo, participando do painel sobre novas tendências para o jogo. Nos fale sobre como surgiu o convite e qual a sua expectativa para o evento? 
Rui Magalhães - O convite surge na sequência dos eventos anteriores onde estive também presente como palestrante ou como participante em painéis de debate. Tenho de confessar que estou curioso quanto à atratividade do evento em face dos últimos desenvolvimentos quanto à regulamentação do jogo no Brasil. À medida que o tempo passa e nada acontece no que concerne à lei de jogo, aumenta a descrença de que algo realmente irá ocorrer no médio prazo. Neste momento os focos estão apontados para a Câmara dos Deputados e o que acontece a respeito do projeto lei da Casa dos Representantes. Estamos num momento crítico, sendo ano de eleições, em que, se nada ocorrer até Abril (data do evento), dificilmente acontecerá este ano, ou mesmo no próximo. Isto gera, naturalmente, um desinteresse significativo dos investidores e da comunidade em geral.

Quais são as principais informações que deseja passar em sua palestra durante o BGC?
Irei tentar passar uma mensagem da importância da adequação da oferta para as novas gerações.

Entre os temas do painel está questão da relação dos jovens com os jogos. No Brasil, os jovens são muito ligados aos meios digitais como as redes sociais e canais de conteúdo, como o You Tube, blogs, entre outros. Considerando esse fator, acredita que o jogo online terá nos jovens seu público mais fiel?
O digital e o online é algo natural para as camadas mais jovens, em particular para os jovens adultos atuais e futuros. Naturalmente que o entretenimento, incluindo o Jogo Online, encontra uma afinidade maior entre este público do que em gerações mais velhas e, digamos, menos “digitalizadas”.

Ainda sobre os jovens, qual deve ser a postura das outras modalidades de jogos, como cassinos, bingos e até as loterias, para atrair esse público para os seus negócios?
Adequar a oferta às necessidades de entretenimento dos jovens. A Indústria online e dos jogos digitais é muito dinâmica e os segmentos mais tradicionais terão que acompanhá-la sob pena de se tornarem obsoletos nas gerações vindouras.

As novas tecnologias também são temas do painel que irá participar. Qual tem sido o impacto delas no mercado de jogos atual? Na sua opinião, a tendência é que as novas tecnologias ditem como a indústria vai caminhar daqui pra frente?
Nas duas últimas décadas tem sido notório o impacto da tecnologia na indústria de gaming (incluindo o gambling). Hoje em dia esta indústria depende majoritariamente de tecnologia, ainda que salvaguardadas as honrosas exceções de jogos mais clássicos, como são os jogos bancados nos cassinos. Ainda assim, já existe hoje muita tecnologia que alavanca este tipo de jogos para modalidades de live-dealing, muito apreciadas pelo publico consumidor de jogos online. Não tenho dúvidas que, nesta, como na maioria das industrias, a nível global, a dependência tecnológica será cada vez maior e quase integral, na maioria da oferta.

Fale- nos um pouco sobre o estudo do caso de Las Vegas que será abordado no painel. Quais experiências da cidade poderiam ser adotadas no Brasil em termos de novas tecnologias?
Este estudo será apresentado por outro conferencista. Não tenho detalhes do que será apresentado. Estou a par de alguns desenvolvimentos e estudos pioneiros que estão a decorrer em Las Vegas, como o caso dos slot-machines que agregam os jogos tradicionais com skill-games. Algo que está a ser observado com muito interesse pela indústria, majoritariamente nos países ocidentais.

Qual a importância dos e-Sports na industria do jogo atualmente? Quais as maiores vantagens e os cuidados que devem ser levados em conta antes de se investir nessa modalidade?
O eSports é um segmento que tem tido um impacto e crescimento significativo nos últimos cinco anos e que atrai cada vez mais adeptos. É desde cedo uma modalidade com uma afinidade significativa com as novas gerações onde os jogos de role-playing fazem já parte da cultura, que é transversal em termos globais, do ocidente ao oriente. Este segmento, dada a sua relevância, tem cada vez mais destaque na oferta de jogo atual. É o caso das apostas que se realizam sobre este tipo de eventos. As vantagens e os cuidados são genericamente os mesmos que os operadores já aplicam nas apostas desportivas tradicionais.

Para finalizar, qual a sua expectativa para o mercado de jogos brasileiro? Mesmo com a indecisão no processo de legalização, acredita que o Brasil pode mesmo se tornar uma das maiores industrias do mundo?
O governo Brasileiro tem dado uma péssima imagem internacional no que concerne à gestão deste dossiê. O qual já se prolonga à tempo demais sem progressos significativos. O mais curioso é que, enquanto os governantes andam num jogo de avanços e recuos, o jogo continua a realizar-se sem que, o estado consiga assegurar a sua função que se assenta em três pilares principais:

(1) desde cedo a prioridade na proteção do jogador;

(2) o desenvolvimento de uma indústria de entretenimento de forma economicamente interessante, que promova o turismo, que gere emprego – muito especificamente – emprego especializado e de valor acrescentado, que gere desenvolvimento tecnológico, que gere desenvolvimentos regionais, aliviando assimetrias, e;

(3) que, dessa atividade econômica, o estado arrecade receita, através de um sistema de impostos competitivo, que possa aplicar depois no serviço aos cidadãos.

Estima-se que o mercado Brasileiro, de jogo online (Apostas Desportivas, Cassino, Bingo e Poker), valerá cerca de USD$2,1 bn no primeiro ano de atividade, concorrendo, a nível mundial pela 2ª posição, logo após o Reino-Unido. Contudo, creio que, um mercado com uma boa regulamentação e um sistema competitivo de impostos, rapidamente assumirá a pole position em termos mundiais, tendo condições para fazê-lo logo no 2º ou 3º ano de atividade.

Enquanto respondi a esta entrevista muitas centenas de milhares de reais foram jogados, nas mais diversas vertentes de jogo. Para ter uma ideia da dimensão do fenômeno, o site de uma das empresas de referência mundial de jogo e apostas online, foi listado, no ano de 2017, pela revista Exame Informática, como o 35º site mais acessado pelos Brasileiros. O site do banco do Brasil aparece, na mesma lista em 50º lugar.

 

Fonte: Exclusivo GMB