SÁB 20 DE ABRIL DE 2024 - 08:00hs.
Alberto Alfieri, COO da Bet.pt e Vivagol

"BgC é o evento perfeito para qualquer pessoa interessada no mercado brasileiro"

Alberto Alfieri, COO da Bet.pt e Vivagol fará parte de um painel no BgC 2019 que começa neste domingo em São Paulo. Nesta entrevista exclusiva ao GMB, ele comenta as diferenças no mercado local para o português, a proximidade da regulamentação das apostas no país, o Leilão da LOTEX e o 'Vivagol' novo site que pretende lançar em agosto: 'Um projeto pelo qual me apaixonei, feito especialmente para o Brasil, com pessoas da nossa empresa aliadas a talentos locais'.

GMB - Bet.pt é hoje um dos principais sites de apostas em Portugal. Quais são as origens da sua empresa e como você conseguiu se posicionar tão bem nesse mercado? Quais são as principais virtudes do seu produto?
Alberto Alfieri -
A bet.pt é uma marca da Bet Entertainment Technologies Ltd, uma empresa fundada em Malta em 2016 e liderada por fundadores com vasta experiência na indústria do esporte. Quando o mercado português foi regulamentado, os fundadores viram uma oportunidade para sinergias e vantagens competitivas. E, embora o projeto tenha sido ambicioso, já que a empresa não tinha experiência anterior em jogos on-line, acabou tendo muito sucesso.

O bet.pt imediatamente se mostrou como algo diferente do resto do mercado, com um foco particular em oferecer entretenimento interativo com diversão próxima das "comunidades", privilegiando uma comunicação mais pessoal e amigável em todos os nossos canais. Adoraria que conhecessem nosso serviço ao cliente, mas infelizmente a página só está disponível aos residentes em Portugal. A propósito, também fazemos questão de ter o máximo de conteúdo possível para nossos fãs.

O mercado português é um exemplo a se repetir no Brasil? Quais falhas poderiam ser evitadas?
O mercado português é sem dúvida peculiar em comparação com o resto do panorama europeu. Acho que, antes de tudo, é importante mencionar que, mesmo sendo "novo", o equilíbrio estabelecido no setor do jogo em Portugal foi uma conquista da lei, que previa a legalização das apostas esportivas, corridas de cavalos, jogos de cassino, bingo e poker, e ao mesmo tempo, previu mecanismos de proteção para o jogador e os mais vulneráveis, como menores, e medidas como auto-exclusão, período de descanso, limites de aposta e depósito etc.

Essas medidas são gerenciadas pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), o regulador local.

Se olharmos para muitos países europeus, como a Espanha, Itália, Reino Unido, Suécia e outros, podemos ver que são mercados que não conseguiram alcançar a auto-regulamentação e em que o excesso de marketing e promoções certamente contaminaram o bom trabalho feito anteriormente pelo setor. Chegar à proibição total da publicidade é um sinal de que algo precisava ser feito de forma diferente.

Isto em Portugal até agora não aconteceu, felizmente, graças também às políticas sérias de proteção aos jogadores, que são respeitadas pelos operadores e controladas pelo regulador.

É verdade que, como operador, gostaríamos de oferecer outros tipos de produtos aos nossos clientes como eles cassino ao vivo, jogos virtuais e e-sports ainda não regulamentados ou permitidos, por exemplo. E isso não faz nada além de favorecer o mercado ilegal e operadores não licenciados, que podem oferecer mais aos jogadores, mas em condições menos seguras do que deveriam. Além disso, em relação à proteção aos jogadores e mercados regulamentados, os mecanismos de controle e combate ao jogo ilegal são muito importantes. Uma lei que garanta mecanismos e sanções contra a atividade de jogos ilegais por parte de operadores e todos os atravessadores envolvidos no jogo ilegal, é fundamental. Por exemplo, introduzir medidas rigorosas de KYC no lado do B2B, ou seja, todos os fornecedores de software ou jogos para os operadores, medidas de controle de métodos nacionais de pagamento para evitar que operadores não licenciados as utilizem, e outras medidas, como bloqueio de url, por exemplo.

Quais seriam as três principais dicas que daria ao Ministério da Economia do Brasil, que está em processo de criação do primeiro regulamento para apostas esportivas?
O primeiro é certamente criar um canal institucional para manter uma comunicação ativa e positiva com o resto do setor. Costumo definir o setor de jogos como um recife de coral, um ecossistema delicado que tem de confiar no trabalho e colaboração de todos. Como sempre, me coloco à disposição do Ministério, tanto pessoalmente como um operador de apostas, para ajudar e contribuir com o que puder.

O segundo conselho é instituir desde o início políticas sérias de jogo responsável, incluindo um plano de educação e treinamento em vários níveis, tanto como uma associação do setor quanto a campanhas de conscientização pública, além de políticas que também incluam um serviço público de apoio ao jogador que seja especializado no tratamento e acompanhamento de patologias de vício.

A terceira e última dica seria não pensar em uma regulamentação parcial, deixando alguns produtos fora da regulamentação, pois equivaleria a favorecer a competição com operadores ilegais, que não oferecem nenhum suporte ou garantia de segurança ao jogador e que também não geram lucros para o governo. Também o bloqueio de serviços e pagamentos pela internet são medidas que devem ser implementadas desde o início.

 

 

Conte-nos sobre o Vivagol, seu novo site de apostas esportivas focado no Brasil. Qual é a sua data de lançamento? Para que tipo de público será dirigido?
Vivagol é um projeto que me emociona muito porque é uma marca que tem uma energia especial. Conseguimos reunir talentos que já possuímos em nossa empresa com outros talentos locais, do Brasil. Isso produziu um efeito positivo, uma onda de criatividade que me fez apaixonar pelo Vivagol. Como sempre com a tecnologia e as licenças, atrasos podem ocorrer, mas temos de ser capazes de lançar antes de agosto, com os dedos cruzados.

Estamos convencidos de que o Vivagol vai cair no gosto de todos, mas estamos trabalhando para atender às necessidades de um público jovem, dinâmico, apaixonado e com ânsia por informação.

Há um forte boom de sites de apostas no Brasil. Qual será o diferencial do Vivagol?
É verdade, há um boom de sites de apostas e imediatamente colocamos o problema de como se destacar. Acho que uma das chaves é que fizemos algo do Brasil para o Brasil. Não estamos lançando o vivagol.com para a América Latina, como todo mundo faz. No começo, nem sequer teremos uma página em espanhol. Porque quando quisermos lançar em outro país, faremos isso de maneira dedicada e especializada, como estamos fazendo para o Brasil.

Como disse antes, temos talentos locais que contratamos para essa marca, que estão trabalhando junto com pessoas de Portugal e do exterior para criar algo único.

Diferentes sites de apostas começaram com fortes ações de marketing, como o patrocínio de clubes de futebol. A ideia do Vivagol é usar uma estratégia similar?

Não fechamos portas para nada nem para ninguém, mas nossa intenção é ser consistente com a identidade da marca, portanto, a estratégia de patrocinar os clubes não é nossa prioridade. Apostamos na fidelização digital, para o novo jogador que está sempre "em movimento", com um produto de concepção móvel. Um site dinâmico para pessoas dinâmicas.

Acha que em pouco tempo e sem o apoio da Caixa Econômica Federal, os sites de apostas esportivas locais e internacionais serão a principal fonte de receita em termos de patrocínio para os clubes?
Com certeza o movimento que vai gerar a regulamentação das apostas esportivas irá influenciar significativamente a renda dos clubes, mas espero que não se torne uma corrida louca colocar um nome em uma camisa e para exposição da marca. O esporte no Brasil merece mais trabalho e mais esforço e pode, sem dúvida, ser o veículo para intervir em algumas políticas sociais nas áreas menos privilegiadas do país.

Depois de conhecer os regulamentos, pretende instalar uma equipe no Brasil?
Acho que é importante ter recursos locais quando se opera internacionalmente e, com a devida consideração, seremos um dos primeiros, e com grande prazer, a instalar pessoas e funções no Brasil de acordo com o que a regulamentação preveja.

Qual sua opinião sobre as tentativas fracassadas de concessão da LOTEX no Brasil?
Acho que os monopólios não são o formato ideal para um mercado saudável. Frequentemente mercados negros paralelos se desenvolvem quando há monopólios, como no caso do jogo do bicho. Este não parece ser um caso diferente e, portanto, para uma empresa ou um consórcio, a questão difícil é se deve pagar valores muito altos por algo que pode ser inadequado para os tempos que a indústria está passando. Talvez se a concessão tivesse sido proposta há alguns anos, teria sido diferente. Além disso, o setor é dinâmico e altamente competitivo e, para um aparato governamental, é muito complicado competir com o setor privado.
 

 

Este ano vocês serão patrocinadores do BgC. O que os motivou a apoiar o evento da Clarion em São Paulo? Espera ter reuniões com outras empresas e interessados em seus produtos?
O BgC é o evento perfeito para qualquer pessoa interessada no mercado brasileiro. Nossa decisão de ser um patrocinador foi porque queremos estar visíveis para a indústria e nos tornarmos uma referência no mercado. É claro que, para atingir esses objetivos, devemos estar sempre atentos às empresas que podem se tornar parceiras no projeto.

Você fará parte de um painel que falará sobre transparência na regulamentação. Você poderia adiantar algumas das ideias que sua exposição conterá?
Algumas das ideias já estão aqui e não é segredo que sou um grande fã da comunicação. Acho que, desse ponto de vista, operadores e reguladores não fazem o suficiente em muitos casos. Não comunica bem tudo o que a empresa faz para manter um negócio sustentável e responsável.

Certamente, pressionarei por uma relação aberta entre reguladores e operadores, e pela necessidade de criar uma associação independente de operadores online que seja ativa, aberta e representativa.

O BgC é o mais respeitado congresso da indústria de jogos do Brasil, oferecendo acesso incomparável a ministros, deputados federais, senadores e governadores locais que trabalham para regular essa jurisdição em rápido crescimento. Com probabilidades das apostas esportivas, resorts de cassino integrados e privatização de loterias em discussão no governo brasileiro, 2019 marca um verdadeiro ponto de virada neste vibrante mercado emergente. O evento será realizado no Tivoli Mofarrej em São Paulo e para se registrar ou se tornar um patrocinador / Expositor, consulte todas as informações no site oficial do BgC: www.brasiliangamingcongress.com.

Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil