Games Magazine Brasil – Como você avalia o atual momento por que passa o Brasil no meio de uma CPI que investiga a manipulação de resultados?
Wesley Cardia – Em primeiro lugar, é importante deixarmos claro que não se trata de uma CPI sobre apostas esportivas. Ela trata da manipulação de resultados e as casas de apostas entraram de forma subsidiária por convocação ou convite de alguns deputados, quando na verdade deveriam estar prestando informações de como são vitimizadas por esse processo.
O que acontece no fim das contas é que as pessoas dessa quadrilha apostam de forma irregular e as casas acabam pagando por um jogo ilegal que foi realizado. Esperamos que ao final a CPI contribua com informações para não acontecerem novas manipulações de jogos.
A ANJL vem falando desde a fundação sobre a importância do jogo responsável, combate à manipulação de resultados e da proteção ao esporte. A sociedade está percebendo esse movimento em favor do esporte e da integridade?
Acho que não. O assunto está tão voltado para a manipulação e o que está sendo feito com jogadores, árbitros, técnicos e essa máfia que fazem a manipulação que todo o resto está ficando subsidiário dentro das notícias. Infelizmente nem todos estão dando a explicação correta de tudo aquilo que está efetivamente acontecendo. Não é como o Games Magazine Brasil, que conhece o assunto profundamente. A imprensa em geral não conhece.
Isso acaba dificultando o entendimento. De qualquer maneira as associadas à ANJL estão preocupadas em mostrar o quanto são vítimas?
Muito. Temos tentado de todas as formas possíveis, seja em matérias na mídia, seja em conversas com os deputados federais, onde tenho batido de gabinete em gabinete, tentando mostrar a realidade de que a grande vítima é a casa de apostas e, em segundo lugar, o apostador correto, que fez sua aposta esperando um resultado razoável e de repente vê que foi completamente diferente do que se imaginava porque foi manipulado. Isso tem de ser esclarecido da melhor forma.
Fala-se na regulação das apostas por medida provisória e projeto de lei. Acredita que virá assim ou ficará em compasso de espera até que termine a CPI?
Isso já deveria ter sido resolvido no governo passado. Este, entrou com o ímpeto de resolver a questão. Mas em função de negociações necessárias com o Congresso, não foi por MP, como era previsto no primeiro momento. Agora, já sabemos que virá uma MP para regrar aquilo que lhe é permitido e outra parte por meio de Projeto de Lei em regime de urgência. Acreditamos que essa combinação será ótima. Mas precisa ser rápido.
A cada dia que passa sem regulamentação do setor, não há segurança, empresas que não são corretas estão trabalhando no mercado – e são muitas – e queremos que sejam só as licenciadas. E mais do que isso, o governo não está arrecadando impostos e deixando de colocar dinheiro em educação, saúde e transporte, que são o que interessa no final das contas.
Nessa solução híbrida de MP e PL com regime de urgência, não podemos esquecer que um projeto desse tipo trava a pauta, não é?
Sim, ele trava a pauta. Mas temos exemplos, como foi o projeto que tratou das SAFs dos clubes de futebol, que tramitou em 34 dias. Se já há casos como esse, de vontade política de fazer rápido, então em dois ou três meses acredito que teremos uma solução para isso.
Fonte: Exclusivo GMB