JUE 25 DE ABRIL DE 2024 - 21:38hs.
Sergio Jardim, presidente da Clarion Brazil

“OGS superou nossas expectativas e gostaríamos repeti-lo no final do 2019”

Fechando a semana da primeira edição do Online Gaming Summit Brazil, o GMB conversa com Sergio Jardim, diretor do evento. ”A presença dos conferencistas foi maior do que prevíamos e agradeço a todos os participantes”, disse o presidente da Clarion Brazil que já pensa em repeti-lo em 2019: “Vamos avaliar se no final do ano a gente faz um OGS 2. Seria muito interessante ter o regulador aqui contado o que eles estão fazendo, precisamos trabalhar rapidamente para que o Brasil já tenha jogo online e não esperar quatro anos”.

GMB - Qual a sua avaliação do primeiro Online Gaming Summit Brazil? Um novo evento com uma temática nova e tão em evidência no país após a recente legalização das apostas esportivas?
Sergio Jardim - Eu acho que o evento foi muito bem sucedido e até superou um pouco aa nossas expectativas, nós tivemos uma adesão muito grande dos conferencistas nas últimas três semanas isso foi muito positivo. Lembrando que o evento foi programado antes da aprovação da medida provisória; nós não sabíamos que ela iria acontecer. E por que nós programamos o evento? Conversamos com potenciais expositores e obtivemos deles um feedback muito positivo que se confirmou; e ai saiu a medida provisória que nos ajudou a trazer conferencistas.

Então, eu acho que foi bom para o expositor, a presença dos conferencistas foi maior do que prevíamos inicialmente e do ponto de vista das palestras eu acho que; apesar do pouco tempo para organizar tudo isso, foram poucos meses; conseguimos trazer pessoas que estão na liderança desse processo, por exemplo, o deputado que conduziu a MP e conseguiu a aprovação dela. Ele esteve conosco na segunda-feira e falou muito bem sobre a história e os desafios que enfrentou. Acho que num geral foi muito bom.

A Clarion costuma realizar seus eventos, como o BgC, em espaços fechados, como hotéis e outros centros. Pela temática de apostas esportivas do OGS o estádio do Pacaembu foi escolhido para sediar o evento. Qual a sua avaliação do estádio? A estrutura oferecida pelo local funcionou bem para o evento alcançar seu objetivos?
Funcionou muito bem. A gente na verdade teve essa ideia de fazer no estádio do Pacaembu porque já existe um evento que é realizado no estádio do Chelsea, em Londres, e o outro na Colômbia que é feito no El Campim. Então, imaginamos se isso existia em São Paulo e nos deparamos com o Pacaembu cuja a grande vantagem é todo significado histórico que existe no local. É um estádio que tem quase 80 anos, está tombado há mais de 40, não pode ser mexido e tem toda uma história de grandes confrontos que aconteceram aqui. Nós viemos conhecer o lugar e achamos que o auditório, as instalações que a gente tem aqui era suficientes para realizar um evento focado exclusivamente no online. Como você sabe, apostas esportivas claramente vai focar o futebol porque nós não temos outros esportes de peso no Brasil.

No exterior, você tem a NFL (futebol americano), o campeonato de beisebol, a NBA (basquete), nos EUA tem muitas coisas e as apostas esportivas na Inglaterra são focadas nas diversas divisões do futebol. Nós sabemos que isso vai ser forte no Brasil, a temática juntou com o lugar e eu achei que ficou bom. Só lamentei que pouco gente ficou até mais tarde para participar da visita ao Museu do Futebol porque ele é surpreendente. Muita gente acha que ele é pequenininho, de pouco conteúdo e não é. É bem recheado de história e quem é aficcionado por futebol vai lembrar muitas coisas ao entrar no museu.

Acredita que o evento ter acontecido logo após aprovação das apostas esportivas por meio da MP 846 e durante o inicio das discussões sobre regulamentação dessa modalidade, ele proporcionou algum efeito político de possa colaborar com o debate da legalização da atividade como um todo?
A gente não pode esquecer, e foi tratado no evento por várias pessoas, que existem muitos sites de apostas de jogos no Brasil. Não estão aqui, não são sediados no país, não pagam imposto e não contratam um brasileiro para trabalhar. Estão do outro lado da fronteira, nos países aqui ao redor, na Europa, no Japão, tanto faz; porque uma vez que isso vai pela internet desde que você consiga fazer e que o jogador possa colocar o dinheiro dele para apostar, a coisa funciona. E, portanto, como dizem alguns por aqui, é perfeitamente legal; porque você paga o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) manda o dinheiro, está registrado, então, não tem nada de errado nisso. Só que não gera benefícios para o pais, como nação isso é muito pobre.

Então, acho que isso ajuda a explicar, mas, temos que ter em mente que muita gente já joga e o importante vai ser entender o quão importante vai ser trazer isso para o Brasil. Ai vem a minha crítica pessoal: dois anos, mais dois para regulamentar isso é demais. É um prazo muito grande e não faz sentido. Acho que isso tem que ser reduzido, espero que o presidente Temer ao fazer a sanção faça um veto parcial e reduza o tempo. Não tem cabimento, no mundo digital, você levar quatro anos para implementar uma regulamentação que vários países do mundo já fizeram. Acho que temos competência para contratar uma empresa experiente e também usar as nossas cabeças; tem vários advogados aqui que são do setor. Então, não tem porque levar quatro anos para fazer uma regulamentação de jogo online e de nenhuma modalidade. É um tempo longo demais.

Qual o impulso que o online pode dar para as outras modalidades de jogo também conseguirem a sua regulamentação?
A gente ouviu no evento algumas palavras muito interessantes sobre isso. Me lembro até que eu perguntei para o pessoal da PMU, empresa que faz a operação do turfe, pensando no seguinte: vocês tem uma população de clientes velha, não é gente jovem. Como vocês veem o futuro da modalidade se não conseguem trazer os jovens? Eles responderam que estão trabalhando com isso, mas, acham que o pró-rio jogo online vai incentivar o nosso negócio.  Ou seja, as pessoas que conseguirem crescer nesse mercado abordando os jovens, vão começar pelo online porque a juventude é muito mais digital.

Eles vão começar pelo online e acham que isso vai levar o pessoa ao hipódromo. Isso foi uma opinião dele, falando especificamente do turfe, e também de outras pessoas que acham que isso pode acontecer. Eu vi isso também em Las Vegas, os cassinos tem essa mesma preocupação. Você bate o olho em um cassino e não vê um jovem. Eles não estão lá dentro. E como eles vão ser um negócio no futuro se os jovens não participarem disso. Então, o caminho que alguns enxergam é que o online vai ser uma porta de entrada para o land base (jogo físico).

Quais os próximos eventos que a Clarion Events está preparando para o público de jogos do Brasil?
Agora na sequencia, eu não sei dizer exatamente as datas, mas, nós teremos o primeiro evento em fevereiro que é a ICE em Londres, na qual nós (da Clarion Brasil) temos uma participação muito pequena porque é um evento mundial. São mais de 100 nacionalidades presentes e você tem de tudo porque na Inglaterra o pessoal é muito liberal e todas as modalidades de jogo estão ali representadas; diferente do evento americano que é voltado para os interesses dos Estados Unidos. A ICE é um evento mundial, então, vai gente de todo o mundo, todos os fornecedores e prestadores de serviços do setor de jogo. A nossa participação lá é em painéis que são montados sobre o Brasil,a América Latina, ouvimos o regulador da Colômbia, do Brasil, as autoridades do Ministério da Fazenda. Isso nós fazemos, do ponto de vista dos stands é uma feira mundial que atende a todo o mundo.

Depois desse, nós temos no final de maio, inicio de junho a Jogos Miami, que acontece em Miami e tem um presença fortíssima da América Latina que é o foco do evento e o Brasil aparece um pouco lá em painéis para discutir regulamentação e outras coisas. Depois nós temos o BgC aqui no Brasil, dias 24 e 25 de Junho, esse ano ele foi em abril por conta da Copa do Mundo e agora voltamos para junho. Depois, está marcado um evento de apostas esportivas nos Estados Unidos chamado ICE Estados Unidos que aconteceu semana passada em Nova Iorque e no ano que vem será em Boston, em dezembro. E ao longo do tempo nós temos alguns outros eventos acontecendo pelo mundo, como no Japão e na África do Sul.

Aqui diretamente para nós teremos o BgC em junho; em maio o Jogos Miami e vamos avaliar se no final do ano a gente faz um OGS 2 aqui no Brasil cuidando especificamente de jogos online.

O OGS 2 já com parte dessa regulamentação de jogos online andando?
Eu espero que sim. Seria muito interessante ter o regulador aqui contado o que eles estão fazendo, em que pé estão, quando vão acabar, quais as contribuições importantes. Mas, eu acho que falta uma certa urgência. Uma regulamentação de jogos online não pode levar 4 anos. O mundo muda muito em 4 anos e podem surgir não só caminhos e canais novos, como também fatos relevantes que mudam o cenário. Você não pode desacreditar a velocidade da tecnologia e da inovação hoje. Acho que precisamos trabalhar rapidamente para que o Brasil já saia com o online. Na verdade, trazer para o Brasil os empregos e os impostos que já estão fora.

Qual a sua mensagem para todas as pessoas que participaram do Online Gaming Summit Brasil seja como conferencistas, expositores, palestrantes, imprensa e demais grupos que formaram o público do evento?
A gente tem o dever e a obrigação de agradecer aos nosso patrocinadores e expositores que apoiaram a ideia desde o inicio, se mostraram favoráveis e estiveram aqui confirmando aquilo que disseram. Com relação aos congressistas que estiveram aqui sentados, com os quais nos tivemos um número recorde considerando que nós fizemos um evento sem uma preparação maior e ainda se beneficiou da aprovação da MP; achei extremamente positivo e ficamos imensamente agradecidos dessas pessoas estarem acompanhando as discuções. Sobre os palestrantes nem tenho o que falar. Eles trouxeram uma contribuição extremamente importante para nós.

E a mídia é fundamental. Acho que no Brasil nós precisamos ter um movimento forte a favor do jogo e não tem como fazer um movimento se não tivermos a ação de toda a mídia. A gente fala de mídia especializada, que esteve toda aqui e são nossas parceiras. Mas, e a grande mídia? O nosso maior exemplo é a Bandeirantes que cobre todos os nosso eventos, gosta de participar disso, foca nesse mercado e está sempre nos apoiando.

Eu espero que isso aumente porque além do trabalho do setor que quer apresentar as propostas e espera que o Estado vote favorável ao jogo, acho o trabalho da mídia muito importante para mostrar que esse é o pior dos mundos onde você não tem nenhum dos benefícios do jogo legalizado e todos os malefícios do jogo não legalizado. É incrível, mas, é o que nós temos. Então, essa realidade precisa mudar. Nós não temos a opção de escolher se vai ter jogo ou não no Brasil, o jogo já existe, não tem como coibir, é impossível em um país com toda essa dimensão, com a instituições que nós temos aqui, o jogo não será coibido.

A nossa possibilidade é escolher se nós vamos regulamentar ou não; tem todas as vantagens em se regulamentar e muitas desvantagens em não regulamentar. Está cheio de cassinos, bingos, lojas de maquinas que você entra para jogar, todos clandestinos; outros países explorando o jogo online no Brasil, 150 mil brasileiros saem anualmente para jogar lá fora e poderiam estar jogando aqui, e tudo isso nós sabemos. E não é por conta dos problemas decorrentes do vício do jogo, pois te dou um exemplo que me passaram: se você tem um problema de alimentação e come demais, se você for a um restaurante eles barram sua entrada? Se você for há uma farmácia barram seu acesso a medicação disponível que não precisa de receita?

No jogo regulado nós temos a oportunidade de barrar a entrada, inclusive se a pessoa é um viciado em determinada modalidade, podemos barrar em todas as modalidades graças a um controle centralizado, uma agência de jogo e tudo mais. Se tem um setor que dá inclusive para controlar os viciados é este e nós não temos isso em outras coisas da nossa vida cotidiana. Então, qual é a grande desvantagem que a gente está vendo? Dá até para desconfiar que existe alguma coisa por trás disso. Eu sei que tem posicionamento ideológico, religioso; mas, quando se apresenta as vantagens desse negócio é impossível que essas pessoas não sejam sensíveis a isso.

Fonte: Exclusivo GMB