Games Magazine Brasil – Quais foram os objetivos da participação da Oddsgate no SBC Lisboa e o que tem de novidades dentro dessa participação?
Tiago Almeida – É a segunda vez que estamos no SBC em Lisboa depois da participação que tivemos no ano passado. O evento é maravilhoso nesta cidade que é nossa e onde está a sede da Oddsgate. Estamos felizes pelo crescimento do evento assim como o número de participantes, cada vez mais especializados no setor. Já recebíamos diretores e donos de empresa e alguns quadros especializados dessas companhias, mas notamos melhoria na qualidade desse público. Várias dessas organizações têm feito recrutamentos no exterior, ou seja, fora da indústria do iGaming e trazendo também algumas nuances diferentes àquilo que é o nosso mercado. Com isso, a qualidade tem melhorado.
Vocês trouxeram novidades o Gaming?
Depois de um ano da virada de chave [no Brasil] – me lembro da conversa que tivemos há um ano aqui no SBC em que realmente esse processo estava sendo preparado – hoje está consolidado. Atendemos sete marcas no Brasil e eram os mesmos sete há um ano. A gente não procura novos clientes e parcerias. Procuramos neste ano focar na qualidade e na melhoria da estabilidade tecnológica e no compliance técnico com o Sigap/SPA para dar aos nossos parceiros as condições de estabilidade para o crescimento.
Atingido esse objetivo, agora estamos adicionando módulos na tecnologia de nossa plataforma para com isso criar alguma inovação. A gente está, por exemplo, anunciando parceria com o The Power Plugin. Em nosso estande apresentamos várias ativações, como a Bola de Ouro do Messi, a Bola de Ouro da Carreira do Pelé, uma camisa com a qual o Messi ganhou a Copa do Mundo. São itens que o jogador pode trocar pontos por esse tipo de experiência única e exclusiva. Cada site pode ter o seu próprio marketplace de acordo com a especificidade da sua audiência.
Com isso conseguimos diminuir o CAC, aumentar LTV e dar uma certa originalidade fora daquilo que é o bónus ou as free spins, até porque entendemos que não é saudável educar a audiência com esse tipo de ofertas. Nós procuramos operadores parceiros que saibam garantir a sustentabilidade do seu negócio e muitas vezes essa sustentabilidade é feita com o acesso a entretenimento e não apenas a jogo.
Ou seja, é cativar cada vez mais o usuário final, para que ele seja brindado com esse tipo de solução diferente do bônus?
Diferente do bônus, não só porque a gente está acompanhando a harmonização que tem acontecido no mercado, mas porque entendemos que a competição pelo bônus pode distorcer o mercado. Não só dá ao jogador um argumento financeiro que nos parece artificial, mas inflaciona financeiramente o resultado do operador. Com essa taxação horrível que tem vindo e que segue em discussão, sabemos que os operadores têm de procurar alternativas para se posicionar com originalidade e inovação para cativar o cliente por aquilo que não é financeiro é sim uma experiência única.
Inovação é a palavra-chave no iGaming. Como vocês se mantém up to date no setor de jogos e apostas?
Todos os dias nos esquecemos – no bom sentido – aquilo que foi a experiência até aqui. A gente não acredita no saber adquirido sem que ele seja colocado à prova todos os dias. Durante todo este ano de 2025 temos procurado essa inovação, não só com linguagens e novas metodologias de desenvolvimento, mas também ampliando a equipe. Isso nos permite não só garantir essa relevância em termos da experiência, que continua lá, mas essencialmente continuar à procura de tecnologias que são mais ágeis.
Mais do que nunca, os jogadores querem ver um front end mais rápido, aplicativos nativos no celular, integração total das tecnologias sem atrito e, claro, garantir também o compliance técnico. Isso só é possível quando a gente redesenha toda a metodologia de desenvolvimento, todo o time to market e garante que os processos são mais rápidos e mais estáveis.
O Brasil começou o mercado regulado em janeiro, o que ainda é uma novidade. Já está tudo consolidado na sua avaliação?
Estamos muito longe dessa consolidação. Há um trabalho que ainda precisa ser feito em relação às bets ilegais. É um dos grandes flagelos que assolam a nossa a nossa querida indústria. Aqui mesmo em Portugal a enfrentamos problemas com as bets ilegais desde 2016. Isso nunca vai desaparecer, mas ele deve ser atenuado. As medidas recentes do Banco Central no Brasil relativamente à restrição de IPs não autorizadas com um determinado valor de movimentação é uma boa notícia. Acreditamos que isso pode restringir o acesso ao Pix.
A criminalização é um dos caminhos e deve ser feito e endurecido, mas outro caminho é a educação. O cliente precisa ser educado para distinguir o que é uma bet ilegal de uma bet segura. E isso só é feito com tempo, com paciência e, claro, com a proteção das autoridades federais. Cabe a elas também garantir a estabilidade dessa indústria que cria milhares de postos de trabalho e uma arrecadação de bilhões de reais no Brasil e que queremos continuar a cultivar e a desenvolver.
Creio que o mercado neste ano deve bater uma meta de cerca de R$ 34 bilhões de gross gaming revenue e acredito que nos próximos dois ou três anos esse número pode crescer 20% ou 30% e daqui a cinco anos até duplicar.

O Brasil pode ser considerado como um professor para outras jurisdições na América Latina que estão se regulamentando como é o caso do Peru e Chile?
Sem dúvida, não só pela escala continental do Brasil, como também pela diversidade regulatória do país, com licenças federais e estaduais. Acho que é um case de sucesso. Acho que o Brasil demorou alguns anos a criar esse case porque não existiam condições, não só no cenário político, mas também no cenário técnico para que isso pudesse acontecer. Mas quando aconteceu foi muito rápido. Criamos uma indústria, trouxemos para a formalidade um setor que já existia e agora há arrecadação e consolidação. Os operadores são heróis.
Todas as nossas sete marcas, os nossos sete parceiros são heróis locais. Eles atuam num ambiente que é altamente competitivo e ainda assim têm espaço para crescer. Se qualquer um desses clientes ou outro parceiro quiser ir para o mercado do Peru ou da Colômbia, certamente terão grandes condições de sucesso, porque aquilo que eles fazem no Brasil é muito difícil e garante o sucesso em qualquer mercado na América Latina
Os parceiros da Odsgate que estão operando no Brasil têm essa pretensão de expandir fronteiras?
Vários deles fazendo esse acompanhamento e estamos em conversas avançadas sobre esses projetos. Então, existe essa missão.
A Odsgate está preparada para entrar em novos mercados por intermédio desses operadores?
Certamente que sim. Já temos as certificações GLI-19 e da GLI-33 internacional e depois local para vários destes mercados e estamos aqui 100% disponíveis para encontrar a parceria perfeita para poder entregar nossa tecnologia e alavancar nossos parceiros.

Queria que você contasse para nossos seguidores a grande novidade da Oddsgate para o mercado brasileiro, que já soubemos antecipadamente.
Sim, estamos muito felizes. Aproveitamos o importante momento da Oddsate, sabendo que já somos hoje uma das maiores empresas tecnológicas no Brasil, mas não podemos ficar parados. O compromisso que nós temos com os nossos parceiros, nossos acionistas e com os colaboradores nos obriga a continuar crescendo. Então, estamos bastante felizes por anunciar uma fusão das nossas operações com a BetConstruct. Isso vai nos permitir ter mais e melhor tecnologia, adicionar camadas de produtos e desenvolvimento àquilo que já é a nossa tecnologia própria e com isso ter mais escala. Já tínhamos a ambição de ampliar nossa equipe de Barueri/SP, mas com esse acordo iremos contratar 200 pessoas.
Será uma plataforma nova ou serão agregadas funcionalidades à da Oddsgate? Como vai ser esse processo?
Nós vamos ter um processo gradativo de rollout de novas funcionalidades que vão permitir aos nossos parceiros gradualmente adicionar novas funcionalidades, seja novo conteúdo, seja a gamification, novas funcionalidades de CRM e a mais importante de todas, front ends dinâmicos e adaptáveis à jornada do cliente e que podem mudar o lobby, a thumbnail do jogo, o fluxo de cadastro, de login e a própria verificação de KYC a qualquer momento e da jornada do cliente e o mais importante, em tempo real.
Como os parceiros que atualmente utilizam a plataforma Oddsgate estão vendo esse processo e qual é a expectativa deles em relação ao seu produto final para o usuário?
A expectativa é deixar de ter uma solução que seja apenas turn key, ou seja, uma solução empacotada, fechada, onde todo e qualquer desenvolvimento precisa ser pedido à plataforma. Nunca acreditamos nesse modelo. A gente acreditava simplesmente que existia um processo estandardização e de amadurecimento dessa tecnologia, que foi o ponto onde nós começamos. Agora, o cliente, nosso parceiro, precisa ter acesso ao código. Ele precisa ter acesso a um ambiente de homologação que lhe permita fazer alterações em tempo quase real.
E isso diminui o impacto e aumenta a qualidade do time to market, garantindo o quê? Que pessoas que estão no Brasil podem ter acesso a uma tecnologia internacional, tropicalizá-la com recursos próprios, com um desenvolvimento nosso, ou em duas ou em quatro mãos, ou em oito mãos que acontece nas suas próprias instalações.

Ou seja, é um processo de migração para o ano de 2050, já que é um estudo brilhante feito pela Oddsgate e apresentado recentemente. Queria que você falasse um pouquinho dessa expectativa para 2050.
A nossa expectativa para 2050, começando agora em 2025 e acelerada com essa fusão, é poder criar nos próximos meses as condições para a hipercostumização. Nós acreditamos no poder dela e que um país continental como é o Brasil pode trazer essa hipercostumização para a jornada do cliente, seja ele um jogador mais recente nesse ecossistema das apostas ou sendo um jogador com uma maior experiência. A hipercustomização, a realidade imersiva e a inteligência artificial são coisas que para nós não estão apenas no futuro. São avanços que já estamos fazendo com esses desenvolvimentos que já conversamos e que os nossos parceiros vão ver em suas operações nestes próximos meses.
As caravelas saíram de Portugal em 1500 para descobrir o Brasil e agora vocês estão redescobrindo o iGaming no Brasil?
Fizemos um trabalho no Brasil que realmente nos permite fazer essa analogia que eu gosto e com a qual eu me identifico. Mas mais do que isso, eu acho que foi o Brasil que descobriu Portugal. Por que? Porque tínhamos aqui alguma tecnologia e a expertise de muitos anos trabalhando no mercado do Brasil. Eu aprendi muito com quem está do outro lado, com a energia, com a disciplina, com a motivação para o trabalho e essencialmente com a criatividade. Quando a criatividade de fazer bom marketing, boa aquisição e boa comunicação se une com a estabilidade da tecnologia e com a experiência europeia que já temos, coisas maravilhosas acontecem e eu acho que foi isso o que a gente conseguiu fazer.
Fonte: Exclusivo GMB