Além de Baptista, o painel contará com a participação de nomes relevantes da indústria como Alex Fonseca (Superbet), Andreas Bardum (KTO Group), Almir Silva (BetMGM) e Neil Montgomery (Montgomery & Associados).
O debate promete uma análise profunda sobre os desafios do licenciamento, as particularidades do consumidor brasileiro e a importância de estratégias locais para consolidar marcas em um mercado que segue aquecido e em busca de profissionalização.
Games Magazine Brasil - O tema do painel sugere que o mercado brasileiro de apostas continua crescendo sem sinais de esgotamento. Na sua visão, o que ainda sustenta esse fôlego tão forte do setor no Brasil?
Leonardo Baptista - O Brasil reúne condições muito singulares para o crescimento do setor: um mercado interno gigantesco, uma população jovem, conectada, com forte afinidade por tecnologia e, sobretudo, movida pela paixão por esportes. Além disso, o ambiente de transição regulatória trouxe mais visibilidade ao segmento, despertando o interesse de grandes marcas e acelerando o processo de formalização. Ainda há muito espaço para crescer, sobretudo à medida que os operadores se adaptam à nova legislação e o consumidor passa a ter mais segurança e clareza na jornada de apostas.
Quais pontos você pretende destacar sobre os aprendizados dos primeiros meses da regulação das apostas esportivas no Brasil?
O principal aprendizado é que a regulação trouxe um filtro necessário para o setor. Hoje, só permanece quem realmente está disposto a operar de forma responsável e em conformidade com as exigências legais. Isso gerou um movimento positivo de consolidação, onde a transparência passou a ser um ativo central.
Também ficou evidente que a adaptação à nova realidade requer agilidade, tecnologia e profundo conhecimento da legislação brasileira, atributos que nem todos os players internacionais estavam preparados para lidar desde o início.
Você acredita que o setor está vivendo uma bolha ou um processo de amadurecimento natural de um mercado jovem e promissor?
O que estamos vivendo é um processo natural de amadurecimento. Por muito tempo, esse mercado operou no escuro, sem regras claras. Agora, com a regulação, a tendência é que os operadores sérios permaneçam e os aventureiros saiam de cena. O crescimento tende a ser mais estruturado, com mais responsabilidade e foco em compliance.
A regulação ajuda a atrair investimentos, melhora a experiência do usuário e torna o ambiente mais previsível. O Brasil tem tudo para ser um dos maiores mercados regulamentados do mundo e isso passa, sim, por uma curva de aprendizagem, mas é um caminho de consolidação, não de euforia passageira.
Como a Pay4Fun tem acompanhado essa transição do mercado brasileiro rumo à formalização e à entrada de grandes players globais?
Como uma empresa já autorizada pelo Banco Central, estávamos prontos para esse momento. O novo marco legal não exigiu grandes mudanças no nosso modelo de operação, pelo contrário, ele fortaleceu o que já vínhamos construindo em termos de compliance, segurança e relacionamento com operadores.
Estamos trabalhando lado a lado com os clientes, especialmente os que estão em fase de adaptação, oferecendo soluções financeiras robustas, suporte regulatório e integração rápida com o ecossistema local.
Quais são os principais desafios e oportunidades que a Pay4Fun identifica ao lidar com operadores que estão se adaptando à nova realidade regulatória?
Um dos grandes desafios é justamente o choque inicial com a burocracia e as exigências da regulação. Muitos operadores chegam de fora com outra mentalidade e precisam entender o funcionamento local, o que inclui desde as exigências do Banco Central até particularidades do sistema de pagamentos brasileiro, como o uso do Pix.
A oportunidade está exatamente aí: conseguimos oferecer uma solução pronta, validada, com integração direta ao sistema financeiro nacional. Como provedores de contas transacionais para esses operadores, conseguimos facilitar o processo e acelerar o início das operações regulamentadas.
A presença da Pay4Fun em eventos internacionais como o SBC Lisboa reforça uma estratégia de expansão global? Há planos nesse sentido?
Sim, nossa participação em eventos como o SBC Lisboa faz parte de uma estratégia clara de posicionamento internacional. Temos muito a compartilhar sobre o mercado brasileiro, que virou referência global e, ao mesmo tempo, estamos abrindo caminhos para possíveis integrações em outros mercados que também vivem momentos de regulação. A internacionalização é uma meta, mas com os pés no chão: o foco neste momento continua sendo consolidar nossa liderança no Brasil, que por si só já é um mercado de escala global.
O painel também menciona que os consumidores brasileiros não respondem da mesma forma às abordagens de marketing europeias. Como você vê a importância de estratégias localizadas e parcerias com influenciadores no sucesso das marcas no Brasil? A Pay4Fun também aposta nessa linha?
Com certeza. O Brasil é um país único em comportamento digital. O consumidor brasileiro é muito conectado, engajado em redes sociais e responde bem a conteúdos mais orgânicos, autênticos e próximos da realidade dele. Por isso, parcerias com influenciadores, criadores de conteúdo e campanhas localizadas são fundamentais.
A Pay4Fun entende isso muito bem. Apostamos em comunicação próxima, campanhas educativas e ações que mostram não só os nossos serviços, mas também o valor da segurança e da operação legal. Não é só sobre vender, é sobre construir confiança em um mercado que ainda está se estruturando.
Na sua opinião, quais são os próximos passos para que o Brasil alcance maturidade no mercado de apostas, tanto em termos operacionais quanto regulatórios?
Para o Brasil alcançar maturidade nesse setor, três pilares são fundamentais: fiscalização efetiva, educação do apostador e integração entre os agentes do mercado. Não basta apenas ter leis no papel, é preciso garantir que sites ilegais sejam bloqueados, que as instituições financeiras não operem com empresas não autorizadas e que haja punição para quem descumpre as regras.
Ao mesmo tempo, é urgente investir na educação do público: explicar como funciona uma casa regulamentada, o que é payout, por que a documentação é importante. Por fim, é preciso manter o diálogo constante entre reguladores, operadores e provedores de pagamento. O mercado está crescendo, mas só será sustentável se for construído com responsabilidade.
Fonte: Exclusivo GMB