VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 07:24hs.
Sebastian Salazar, CEO da Estelarbet

“A prioridade no Brasil é eliminar o jogo ilegal e migrar os usuários para plataformas reguladas”

Às vésperas do SBC Summit 2025, o GMB falou em exclusiva com Sebastián Salazar, CEO da Estelarbet, que estará no painel “LatAm Leaders: Latin America First – the home grown operators reinventing the game”, ao lado de Zeno Ossko, Fellipe Fraga, Karen Sierra-Hughes e Dario Leiman. Sebastián destaca a consolidação do setor regulado, os desafios do iGaming no Brasil e a importância de políticas públicas para migração de jogadores para plataformas legais.

Games Magazine Brasil - O que significa para você participar como palestrante em um evento tão importante como o SBC Summit 2025?
Sem dúvida, é um dos eventos mais importantes do ano. Não considero apenas um privilégio participar, mas também uma grande responsabilidade representar da melhor forma a América Latina e, logicamente, a Estelarbet.

Qual será o foco principal da sua participação no painel durante o evento?
Diria que é atualizar o público sobre tudo o que está acontecendo na América Latina do ponto de vista da implementação das regulamentações vigentes, além de comentar o que está acontecendo atualmente no Chile com a legislação em tramitação.

Que pontos-chave serão abordados no seu painel dentro da trilha dedicada ao Brasil e à América Latina?
Serão discutidos aspectos relacionados a como a operação de diversos atores se consolidou nesses novos mercados regulados e o impacto negativo que o jogo ilegal tem sobre eles.

É importante a inclusão de uma agenda específica para o Brasil em um evento global como o SBC Summit?
O Brasil é o mercado mais importante da América Latina, portanto, sem dúvida, uma agenda dedicada a um mercado tão relevante é necessária.

Quais oportunidades o mercado brasileiro de iGaming oferece atualmente, na sua perspectiva?
O mercado apresenta múltiplas oportunidades devido ao seu tamanho e à penetração do jogo nos diferentes segmentos. No entanto, é um momento de consolidação das operações, e o ruído legislativo não contribui para isso.

Há poucas semanas, vimos o ministro da Fazenda propor um aumento de impostos para o setor, considerando que pelo menos metade da oferta vem de sites ilegais. A sinalização do Ministério não é a melhor; a preocupação deveria ser eliminar a oferta ilegal, para que os jogadores migrem para a oferta regulada e, assim, seja possível aumentar a arrecadação.

Como CEO da Estelarbet, quais são os principais desafios e oportunidades que você observa hoje no mercado latino-americano?
No Chile, enfrentamos um grande desafio com a regulação em andamento. Tive que expor na Comissão de Fazenda do Senado o ponto de vista dos operadores e como, em muitos países, a legislação avança com certo viés ou aversão ao jogo.

Como mencionei anteriormente sobre o Brasil, o aumento de impostos é um problema, e no Peru a situação também não é favorável após o veto à norma que definia claramente a base de cálculo do Imposto Seletivo ao Consumo. Nossa indústria exige muita conversa com os tomadores de decisão, para explicar os impactos de normas mal aplicadas ou com pouca base técnica.

Qual será o principal obstáculo para empresas que desejam ingressar ou se consolidar no Brasil?
O principal desafio será consolidar as operações, considerando os grandes atores que já atuam no Brasil e o impacto que isso terá nos preços de ativos publicitários em um ambiente altamente competitivo. Para novas operações – a menos que se trate de players de porte global – uma estratégia focada em nichos pode ser mais eficiente do ponto de vista operacional.

Que tipo de regulação você espera ver implementada no Chile nos próximos meses?
É difícil saber se o atual governo conseguirá sancionar uma lei que regule o jogo online nos próximos sete meses, diante da mudança de governo.

Se for sincero, acho que não. Porém, vejo como possível que seja eliminado o bloqueio aos operadores atuais na nova legislação, que haja uma redução de impostos alinhada com mercados comparáveis e que sejam eliminadas vantagens incluídas no projeto para alguns incumbentes, o que, na minha opinião, prejudica a livre concorrência.

Como você vê o papel da Estelarbet no desenvolvimento do mercado de iGaming na América Latina?
Para a Estelarbet, é fundamental consolidar-se no novo mercado regulado chileno e reativar operações no Peru com as licenças atualmente disponíveis. Esse foco será mantido pelo menos durante 2026 e 2027, para depois avaliar qual outro mercado de interesse possa surgir no horizonte.

Quais são suas expectativas para o evento em termos de networking e geração de alianças estratégicas?
As expectativas para o SBC Lisboa deste ano são altas. A primeira edição, no ano passado, deixou a barra muito alta. Este ano também haverá múltiplos espaços para conversar com grandes amigos e parceiros da indústria e atender às necessidades específicas de cada um. Acredito que o evento beneficente da Legends Cup será um momento extraordinário para interagir com todos eles.

O que você espera aprender ou trocar durante o evento com outros líderes da indústria?
Principalmente temas relacionados à regulação na região. Também é muito interessante acompanhar o que ocorre com a regulação e a oferta dos provedores de pagamento. Como você sabe, sou cofundador da ProntoPaga, empresa com a qual queremos ser o principal provedor de pagamentos para a indústria até 2027, do México para o sul.

A situação que ocorreu no Brasil com o Pix, o impacto do Bre-B na Colômbia, a mudança regulatória para operadores de cartão no Chile, ou a abertura no Peru com carteiras digitais e QR interoperáveis, são exemplos de mudanças que geram grandes oportunidades. Este ano, estamos lançando nossa operação na Argentina e estamos confiantes de que traremos uma mudança relevante na oferta de processamento de pagamentos para a indústria local.

Qual é sua visão sobre o futuro do iGaming na América Latina, especialmente após o avanço da regulamentação no Brasil?
Falar em consolidação seria minimizar o que está acontecendo; eu diria mais que é um assentamento da indústria. Espera-se que sejamos capazes de influenciar os tomadores de decisão para garantir segurança jurídica aos investimentos na região e que as condições regulatórias oferecidas pelos diferentes países não mudem tão rapidamente, mas sejam consensuais e aplicadas com razoabilidade. Na América Latina, é muito difícil alcançar estabilidade política, e isso se reflete ainda mais na segurança jurídica oferecida pelos governos.

Que mensagem você gostaria de deixar para os participantes interessados no mercado latino-americano de apostas e jogos online?
A América Latina é uma região com grandes oportunidades. As regulamentações que estão sendo implementadas ou discutidas permitem rentabilizar investimentos com mais segurança e em prazos mais longos, se necessário.

Mas, para que isso aconteça, é preciso analisar a região em todos os seus matizes. Isso é especialmente evidente em países como Brasil, México ou Colômbia, onde a diversidade cultural se manifesta em diferentes estados ou regiões. Longe de ser um problema, isso é uma oportunidade: abordá-los em sua própria linguagem, com códigos locais e hábitos de consumo específicos. Os múltiplos “cores” da América Latina fazem parte da proposta de valor que os operadores devem oferecer para se aproximar de seu público. Assim, conseguirão criar fãs de suas marcas, como acontece em outras regiões com ofertas mais consolidadas.

Fonte: Exclusivo GMB