Abrindo a programação propriamente dita o evento contou com um painel com o tema Integridade no esporte profissional - por que é importante e o que está em jogo? O consenso dos participantes é que a legalização das apostas esportivas é benéfica para o esporte e que é importante envolver todos os atores desse cenário para que se garanta a integridade.
O Ex-Diretor Executivo do Comitê Olímpico Brasileiro e Medalhista Olímpico de Vôlei, Marcus Vinícius Freire elogiou a iniciativa do evento e destacou a importância dos atletas serem ouvidos. Entre as vantagens da legalização do mercado de apostas, ele ressaltou a chegada de novas receitas através de patrocínios, não apenas para o futebol, mas também para outras modalidades, o aporte de investimentos com a criação e legalização de casas e sites de apostas com base no Brasil e também o fomento a ciência como estatística, por exemplo.
Outro ponto que o painel discutiu foi a necessidade da educação dos jovens atletas para evitar a abordagem de pessoas ligadas ao match fixing. Presente na plateia, a ex-atleta e Secretária Nacional de Esporte, Luisa Parente disse que como são temas transversais, a educação de atletas sobre como evitar o dopping deve servir de base para orientar atletas também a evitar abordagens inapropriadas relacionadas à manipulação de resultados. “Eu, a Luisa e outros atletas sabemos o quanto é difícil chegar ao pódio e como sempre tem gente oferecendo um caminho mais fácil ou mais rápido”, completou Marcus.
Para ele, além do trabalho de educação dos atletas, é importante que o mercado tenha formas de garantir apenas a entrada de operadores idôneos, tecnologias e inteligência para detectar desvios de padrão e inteligência para combater inconformidades. Outras recomendações foram a limitação do tipo de competições, idade mínima para apostadores e muito informação para que se estabeleça um mercado transparente e livre do estigma que se tem dos jogos.
Um tema que foi recorrente no painel é o fato de apenas os atletas serem penalizados em casos como dopping e também manipulação de resultados. Um dos painelistas, Martin Fernandez, Repórter Especial do Globo Esporte relembrou um caso do jogador Thiaguinho, do Rio Branco do Paraná que foi julgado e banido do futebol depois de se envolver em uma tentativa de manipulação de resultado no Campeonato Paranaense no ano passado. Fernandez ressaltou que o fato de não ter dinheiro público diretamente envolvido no futebol por um lado é bom, mas por outro deixa o esporte fora dos radares de controle como, por exemplo, a Polícia Federal, Ministério Público etc. “Por isso o atleta é punido na esfera esportiva, mas esses casos não geram uma investigação que possam resultar na punição dos outros atores na cadeia de manipulação de resultados”, disse.
Tatiana Mesquita Nunes, que é Advogada da União e Presidente do Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem da Secretaria Especial do Esporte, destacou que combater os ataques à integridade no esporte é importante, mas que mais importante ainda é prevenir.
“Quando falamos em manipulação de resultados, é importante destacar também a dificuldade de conduzir um trabalho interno de prevenção. O combate a essas fraudes passa também por uma modernização de estatutos e por uma melhoria nas ferramentas de controle”, ressaltou Ian Cook, Diretor Executivo Associado da Kroll, que também participou do painel. “Um clube, uma federação, dificilmente vai conseguir implementar uma cultura completa de ética e integridade se as estruturas inviabilizam esse tipo de trabalho”, finalizou.
Fonte: Exclusivo GMB
