JUE 25 DE ABRIL DE 2024 - 19:03hs.
Deputado Bacelar (PODEMOS - BA)

"Vou apresentar um projeto transformando o jogo do bicho em patrimônio imaterial do Brasil”

Em entrevista ao jornal A Tarde, o deputado Bacelar conversa sobre como a legalização dos jogos, principalmente o do bicho, poderia alavancar a economia do Brasil, além de conceder direitos trabalhistas aos 450 mil funcionários que estão atuando sem carteira assinada. Ele ressalta que os países desenvolvidos tendem a regularizar os jogos e que 300 mil brasileiros vão para Uruguai, Argentina e Portugal para poderem apostar. 'Tudo isso são recursos que estão indo embora, e essa hipótese do vício é de 1%”, argumenta.

Bacelar soltou o verbo em entrevista com o jornal A Tarde. O deputado do PODEMOS (BA) relembrou que vive em um país que tem 14 milhões de desempregados e "há mais de 20 anos não tem crescimento na economia”. Para ele, a inclusão dos jogos de forma regularizada seria uma saída estratégica para tirar o Brasil do buraco.

"Como é que um país desse pode abrir mão de um segmento econômico que vai gerar R$ 20 bilhões em impostos, que vai regularizar 450 mil trabalhadores do jogo do bicho. O jogo do bicho, hoje, tem 450 mil anotadores no Brasil que não têm INSS, que não têm FGTS, não têm décimo terceiro, que não têm garantia nenhuma. Então não tem racionalidade econômica que defenda a não legalização dos jogos”, afirma.

Segundo ele, só há duas opções: o legal ou o ilegal. “A hipótese não-jogo não existe. Em todas as sociedades têm jogo e em nenhum país desenvolvido, seja do ponto de vista social, econômico ou político, é proibido”. Os lugares que tendem a não legalizar têm como principal argumento a religião.

“Hoje, no Brasil, os jogos online movimentam R$ 3 bilhões por ano, sem segurança e sem impostos sobre isso. 300 mil brasileiros saem do Brasil todo ano para jogar no Uruguai, na Argentina e em Portugal. Tudo isso são recursos que estão indo embora, e essa hipótese do vício, a ludopatia, que é a doença do vício do jogo é 1%. Um alcoolismo é 10%, e ninguém fala em acabar com a venda do álcool. Então, são argumentos que não se sustentam. O controle que se tem hoje do jogo eletrônico já pode impedir que entre no casino um viciado”, alerta Bacelar.

“O Rodrigo Maia dá a entender que é favorável à legalização dos cassinos, mas eu não posso aceitar isso. Eu não posso aceitar abrir o mercado brasileiro para um empresário americano, para o grande capital internacional, e não legalizar por exemplo, um jogo do bicho, que é um produto genuinamente nacional”, defende.

Ele conta que o jogo do bicho está em qualquer esquina de cidades como Salvador e Rio de Janeiro, que não há como fechar os olhos para isso. “Vou apresentar um projeto, inclusive, transformando o jogo do bicho em patrimônio imaterial do povo brasileiro”. Para Bacelar, nem o Estado e nem a religião deve ditar o que cada um faz no seu tempo livre e como gastam seu dinheiro. “Com o meu tempo livre, eu posso ler, posso ver o Bahia jogar, posso ir para a praia, posso dormir, posso não fazer nada e posso jogar. Não cabe ao Estado, nem à religião disciplinar esse assunto”, argumenta.

Outro ponto destacado pelo deputado é deixar nas mãos das milícias os jogos, abrangendo a criminalidade. “Se nós não legalizarmos os jogos, nós estamos entregando os jogos as milícias e ao tráfico. O que já ocorre em pequena escala no Rio de Janeiro. A gente tem que trazer para a luz do sol, para a luz do dia”.

De acordo com Bacelar, uma pesquisa feita pelo Congresso constatou que 55% dos deputados federais são favoráveis à legalização. Ele ainda se mantém positivo em relação a isso. “A proposta está pronta para ser pautada e, com certeza, em breve, o jogo será legalizado no Brasil.”

Fonte: GMB/ A Tarde