Gilson Machado, ministro do Turismo e conhecido como “o sanfoneiro de Bolsonaro”, tem sido especulado por aliados do presidente e teve o nome citado a mais de um interlocutor do mandatário, segundo apurou Igor Gielow, jornalista da Folha.
Uma das razões para a escolha do pernambucano Gilson Machado foram as constantes gafes de Bolsonaro no trato com a região Nordeste do Brasil. Ele surgiu como uma opção por sua identificação potencial: a figura do sanfoneiro, chapéu de vaqueiro à cabeça, é um clichê bastante espraiado no Nordeste.
Além disso, outros itens que colocaram Machado no gosto de Bolsonaro são mais evidentes. Ele é visto como bastante combativo e, principalmente, leal aos princípios do chefe. Ainda falta ao ministro do Turismo um partido. Ele vinha cogitando o PL, que já abriga o presidente, para disputar uma vaga de senador por Pernambuco.
Gilson Machado tem a simpatia de líderes evangélicos próximos a Bolsonaro, ainda que ele se defina como católico praticante. Isso pode ser um fator a ser levado em conta ao se pensar na aprovação do PL 442/91, que tem forte resistência por parte da bancada evangélica.
Em diversas ocasiões o ministro do Turismo afirmou ser a favor da instalação no Brasil de resorts integrados e que a legalização, de acordo com ele, poderia resultar em investimentos bilionários para o país e formar um novo atrativo turístico.
“Cassino é apenas uma parte do equipamento. O equipamento se chama resort integrado. Tem hotéis enormes, super bem estruturados, centro de convenções para até 200 mil pessoas. Eles lotam os hotéis do entorno. Além disso, tem parque aquático, restaurante, bar, loja, shopping center de todas as marcas do mundo. E tem a parte do cassino”, ressaltou o ministro.
Para ele, a maior barreira para a implantação de cassinos no Brasil é a oposição da bancada evangélica. “Temos de convencer a base evangélica. Até igreja tem dentro do resort integrado. Mas temos de conhecer nossa base de apoio para que ela aceite isso daí. Estamos em construção”, afirmou o ministro em recente entrevista.
O ministro do Turismo já destacou que o Brasil é um dos poucos países mais ricos do mundo que não legalizam a prática do cassino. “Eu acho que é uma oportunidade muito grande que o Brasil tem. Dos 20 países do G-20, o único país não muçulmano que não tem resort integrado é o Brasil. São bilhões de dólares que vão vir para investimento. E o Brasil é a última fronteira. Mas temos sempre a última palavra do Congresso, para ver como vai sair de lá”.
A Câmara dos Deputados deve votar nos próximos dias o PL 442/91 e, com a proximidade de Gilson Machado com a bancada evangélica e com a possibilidade de ele sair candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, pode ser que uma aproximação do ministro do Turismo apare algumas arestas.
Fonte: GMB / Folha-UOL
