VIE 19 DE ABRIL DE 2024 - 22:47hs.
Ficam suspensos outros três novos cargos

Bolsonaro pressiona e Temer desiste de nomear o vice-presidente de Loterias da Caixa

O processo de seleção da Caixa foi aberto para preencher cargos nas vice-presidências das áreas de Coorporativo, Fundos de Governo e Loterias, e Governo e Habitação. As funções estão sendo exercidas por interinos após o MPF recomendar, no fim do 2017, a saída dos titulares. No entanto, indicações de Temer a pouco mais de dois meses do fim do mandato causaram mal estar e mobilizaram o núcleo da campanha de Jair Bolsonaro (PSL).

O presidente Michel Temer deve suspender as nomeações para preenchimento de cargos de quatro vice-presidências da Caixa Econômica Federal. Os nomes foram escolhidos em processo seletivo por meio de empresas de caça-talentos (Head Hunter) iniciado em agosto.

Dois são do mercado e dois fazem parte do quadro de pessoal do banco e todos já estão prontos para assumir. No entanto, indicações de Temer a pouco mais de dois meses do fim do mandato causaram mal estar e mobilizaram o núcleo da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), favorito nas pesquisas de intenção de voto à Presidência. Auxiliares do candidato do PSL querem que ele faças as escolhas dos nomes, caso seja eleito.

A situação foi repassada ao deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), anunciado como ministro da Casa Civil em eventual governo Bolsonaro. Ele já está fazendo a interlocução com o atual governo. Diante disso, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse ao GLOBO que as indicações para a Caixa podem acabar ficando para o próximo governo.

— Na minha opinião, as indicações não precisam ser feitas agora — disse Marun, negando que tenha sido procurado pela campanha de Bolsonaro ou de Haddad para tratar das indicações.

Além de fazer as novas nomeações da Caixa, o próximo presidente poderá escolher ainda outros 524 diretores e presidentes para as estatais federais. Atualmente, o governo controla 138 empresas, o que inclui subsidiárias de companhias como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil.

Nos últimos anos, esses cargos têm sido usados nas negociações políticas conduzidas pelo Palácio do Planalto. Geralmente, os partidos políticos que compõem a base do governo no Congresso levam aos ministros da articulação política indicações para os chamados cargos de segundo e terceiro escalões no governo. Normalmente, o partido que comanda uma pasta também costuma definir quem chefiará os órgãos vinculados a ela.

No caso da Caixa, o banco público enviou a lista com os selecionados para a diretoria à Casa Civil há 15 dias, e aguarda o aval do Palácio do Planalto para fazer a homologação das indicações no Conselho de Administração do banco. O processo de seleção da Caixa foi aberto para preencher cargos nas vice-presidências nas áreas de Coorporativo, Fundos de Governo e Loterias, e Governo e Habitação. As funções estão sendo exercidas por interino após o Ministério Público Federal (MPF) recomendar, no fim do ano passado, a saída dos titulares.

Por causa da pressão dos procuradores, a Caixa alterou seu estatuto na tentativa de blindá-la de interferências políticas. A medida foi um desdobramento da Operação Greenfield, que apontou suspeitas de fraudes entre bancos públicos e fundos de pensão. O novo estatuto definiu que novos critérios para seleção dos vice-presidentes, como uso de consultoria especializada para recrutamento. Antes, eles eram nomeados ou demitidos diretamente pelo presidente da República, sem processo seletivo.

Fonte: GMB / O Globo