JUE 25 DE ABRIL DE 2024 - 03:06hs.
Nelson Antônio de Souza divulgou um comunicado

Presidente da Caixa sugere ao próximo governo que privatize as loterias

O presidente da Caixa Econômica Federal, Nelson Antônio de Souza, entregou à equipe de transição do novo governo um diagnóstico que aponta que a venda de participações em cinco subsidiárias da instituição pode render R$ 60 bilhões ao banco, incluindo tributos, até 2022. A projeção considera o repasse para a iniciativa privada de parte da Caixa Seguridade, Caixa Cartões, Caixa Loterias, Caixa Banco Digital e Caixa Gestão de Recursos.

"Esse é um cálculo conservador. É o valor que essas empresas trariam de imediato para a Caixa Econômica”, frisou o presidente do banco em entrevista ao Valor.

O documento traça um cenário bastante positivo para o banco, que espera contribuir com R$ 800 bilhões para o país, valor que considera todas as operações feitas pela instituição e a venda de ativos. O banco deve fechar o ano com um lucro líquido recorde de R$ 15 bilhões e diz que a previsão de investimentos em habitação pode atingir a marca de R$ 343 bilhões de 2019 a 2022. A medida beneficiaria 2,6 milhões de famílias e geraria 6,9 milhões de empregos, segundo dados da Caixa.

Além disso, a Caixa trabalha com o cenário de que o FGTS vai repassar ao banco R$ 16 bilhões para saneamento básico e outros R$ 20 bilhões para infraestrutura em quatro anos.

Souza enumera as medidas adotadas pelo banco para melhorar a governança e a eficiência, assim como reduzir despesas, o que contribuiu para o enquadramento da instituição nas regras prudenciais de exigência de capital previstas no acordo de Basileia III.

O presidente da Caixa enfatizou que a venda de participação nas empresas — chamada por ele de “monetização de ativos” — deve ser mantida por seu sucessor, Pedro Guimarães, que assume o cargo com a tarefa de tocar o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de privatizar áreas do banco que não estão relacionados a políticas públicas, mas podem despertar o interesse do investidor privado.

A Caixa já vem se preparando para adotar essas medidas por meio de criação de empresas específicas para serem privatizadas. “O programa que está chegando do novo governo é totalmente alinhando com o que a gente está trabalhando, principalmente na questão da monetização de ativos”, destacou Souza. “A gente já vem trabalhando na mesma linha [do que propõe a equipe de transição] desde o início de 2018”, complementou.

Com uma visão otimista em relação a 2019, o presidente da Caixa afirmou que o banco deve lançar uma concorrência no início do ano para concluir o processo de seleção do parceiro da Caixa Seguridade para os serviços de seguro habitacional e carta de crédito, automóvel e riscos patrimoniais. Ele lembrou ainda que foi adiado para 5 de fevereiro o leilão de concessão da Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex), a “raspadinha”.

Na avaliação de Souza, a Caixa tem condições de criar outras empresas para depois negociar com a iniciativa privada, citando como exemplo uma companhia de microcrédito e outra para transferir ativos, como imóveis retomados. No caso da empresa que receberia ativos, o banco poderia repassar os imóveis retomados, que atualmente somam 46 mil unidades, para limpar seu balanço e abrir espaço para oferecer mais crédito. A Caixa provisiona 100% do valor de cada unidade habitacional retomada por falta de pagamento.

Fonte: GMB / Valor