JUE 2 DE MAYO DE 2024 - 11:14hs.
Gilson Braga, superintendente de loterias

“Com certeza a Caixa verá como pode atuar no mercado de apostas esportivas”

Gilson Braga, o superintendente de Loterias da Caixa e novo membro do Comitê Executivo da WLA, falou com exclusividade ao GMB sobre os temas mais importantes da atualidade. O prestigiado funcionário afirma que a loteria brasileira tem grande respaldo internacional e que a Caixa aguarda a regulamentação para saber como atuará no setor de apostas esportivas. Nesta entrevista também comenta sobre a transição no governo federal e a LOTEX.

GMB - Recentemente, você representou a Caixa e as loterias brasileiras no encontro da WLA (Organização Mundial de Loterias). Nesse evento, qual foi a sua impressão sobre como a modalidade de loterias do Brasil é vista internacionalmente?
Gilson Braga -
Não só naquele. Em todos os eventos que nós participamos em nível de Organização Mundial de Loterias, Cibelae, a Caixa e as loterias federais do Brasil são sempre muito requisitadas e continuam gozando de prestigio mundial. Todos os players e loterias gostam de interagir conosco, conhecer o que estamos fazendo dentro dos nossos processos e principalmente o que nós estamos imaginando de novos projetos para o futuro. Continuamos nessa linha, sempre muito procurados e muito requisitados em todos os eventos que participamos.

Durante esse mesmo evento, você recebeu uma homenagem e foi escolhido para um cargo importante dentro da WLA. Qual o seu sentimento nesse momento tão importante?
É um sentimento de reconhecimento do trabalho que a gente vem fazendo na Caixa, dentro da CIBELAE, junto a Organização Mundial de Loterias e até com outras loterias mundiais. Nós temos sempre muitos contatos, trocamos muitas ideias, passamos algumas informações do que temos no Brasil, o que está acontecendo internamente a respeito de regulamentação de jogos e da mesma forma conhecemos o que esta sendo feito lá fora.

Então, esse reconhecimento e essa indicação para compor o Comitê Executivo da WLA nos próximos dois anos é fruto desse trabalho e do reconhecimento que temos do mercado mundial de loterias. Eu estarei ocupando, já ocupei de 2015 a 2016, e estou retornando agora ao comitê. É a oportunidade de nós mostrarmos mais ainda o trabalho que a Caixa vem fazendo com as loterias no Brasil e também estar levando para o mundo o que está acontecendo aqui no nosso mercado.

Pode nos explicar exatamente qual o seu papel como membro do Comitê da WLA?
A Organização Mundial de Loterias cuida dos interesses, digamos assim, da questão de credibilidade e segurança das loterias em nível de estado em território mundial; e o comitê é a organização que faz com que todos os provedores que participam dessa associação possam estar interagindo, trocando ideias, participando de eventos, seminários em todos os continentes e,principalmente, cuidando do negócio. Isso é o mais importante. Quando a gente ouve falar na questão das apostas esportivas, os cuidados que devemos ter com o problema da manipulação de resultados, a prevenção à lavagem de dinheiro, o combate ao jogo ilegal, seja físico ou online, então, o comitê tem esse papel de, como gestor maior da WLA, cuidar de toda essa organização a nível mundial com todas as loterias nos cinco continentes.
 


O processo da LOTEX sofreu um novo atraso em seu andamento e teve o seu leilão remarcado para o mês de Fevereiro. Mesmo sem poder entrar como operadora nessa disputa, como a Caixa avalia esse adiamento e em que função pretende atuar com a LOTEX no futuro?
A Caixa esta impedida de acordo com o edital, por decisão do Ministério da Fazenda, ele é nosso regulador e a gente acompanha. Nós trabalhamos no passado para poder participar, mas, fomos impedidos, então, aceitamos a recomendação do governo e trabalhamos dentro do que nos foi possível que no caso seria um trabalho de compor um eventual acordo operacional para a liberação da rede para a venda da LOTEX no futuro. Isso a gente está trabalhando e se formos procurados pelo eventual ganhador a Caixa estará disponível para negociação.

Na questão do adiamento nós não temos informações. Creio que o Ministério da Fazenda e a SEFEL devem ser os mais adequados para falar sobre o assunto e tem mais informações do que nós para explicar o porquê dessa decisão.

A Caixa ficou satisfeita com o resultado final do texto da MP 846 aprovada pelo Congresso?
A gente tinha na 841 um trabalho feito junto ao Ministério da Fazenda e a SEFEL de ajuste de alguns payouts da nossa loteria. Nossos payouts são muito baixos em relação à média mundial e um realinhamento para em torno dos 50%, que seria o das loterias de prognósticos, seria muito benéfico para o produto. Você poderia ter a mesma geração de receita, ou até mais, com um payout maior porque é o que o apostador realmente quer; receber e ganhar prêmios. Então, aquela medida tinha esse viés de poder proporcionar uma competição maior das loterias federais, principalmente, contra as loterias que estão no mercado.

Com a decisão do Congresso, junto com o Ministério da Fazenda, pela aprovação; o que vamos fazer, com o que nós temos, é continuar trabalhando. A Caixa é forte, tem uma marca respeitada, uma rede de comercialização muito competente, um site de apostas no ar já muito forte e nós vamos, com o que nós temos, tentar desenvolver mais, trabalhar mais, trazer produtos que estejam ao nosso alcance para atender aos nossos clientes.
 


Na primeira conversa que tivemos há algum tempo atrás, você comentou que é muito difícil criar novas loterias no Brasil pois é necessária uma lei para cada produto. Esperava que dentro da nova MP esse problema fosse resolvido?
Foi um pedido nosso. Durante a audiência que participei no Congresso, sobre a MP 846, eu citei essa informação de que, no nosso ponto de vista, o processo é muito moroso se você depender para cada produto a aprovação de uma lei específica. Se você pudesse ter no Ministério da Fazenda, no regulador de loterias, a prerrogativa de que ele; por decreto ou por portarias, pudesse permitir a criação de outros produtos obedecendo, logicamente, uma determinação legal superior seria muito vantajoso e muito mais ágil para que nós possamos concorrer com o mercado que é muito mais ágil, principalmente, o privado.           

Em relação às apostas esportivas, qual a expectativa da Caixa para o modelo de regulação que virá a ser utilizado? Acredita na possibilidade do banco ser dono do monopólio da modalidade ou prefere vê-lo como concorrente de uma licença para operar no país?
Nós ainda não temos a informação sobre como será de fato. Temos a aprovação da MP 846 (hoje já sancionada pelo presidente) que permite a criação das apostas esportivas e agora precisamos entender como será o regulamento. Então, qualquer coisa que a gente venha a dizer agora é mera suposição. Eu prefiro aguardar a regulamentação do Ministério da Fazenda e verificar, a partir desse dispositivo legal, como a Caixa pode operar nesse mercado de apostas esportivas.

A Caixa tem alguma sugestão para fazer ao regulador no tocante às apostas esportivas?
O banco já trabalhou com o Ministério em outras oportunidades alguns modelos, até porque nós fazemos várias visitas em parceria a loterias e a países onde as apostas esportivas já estão regulamentadas e sempre trocamos ideias. Mas, eu prefiro deixar que o Ministério da Fazenda, na sua posição de regulador, possa trabalhar isso de uma forma mais adequada para o país e nós, Caixa, diante da regulamentação, com certeza vamos ver como nós podemos a trabalhar nesse mercado também.

A partir de Janeiro o Brasil terá um novo governo liderado por Jair Bolsonaro. Como a Caixa avalia a transição que está acontecendo no Executivo e quais as expectativas para o trabalho da administração que vai assumir o país? Já se fala em alguma mudança no banco?
Sobre a questão da transição eu não tenho poder ou mandato para falar dela; isso é tocado pelo corpo de presidência e a alta administração da Caixa e nós da área de produtos vamos atuar e estar sempre prontos, independente dos governos que entrem ou saiam, a área de loterias da Caixa está lá preparada, com uma equipe muito competente, para que a gente possa cuidar da administração de loterias para o país. Esse é o nosso papel e para isso que a gente atua.

Porém, pessoalmente, qual a sua perspectiva para o mandato de Jair Bolsonaro?
Nessa posição não tem como nós falarmos da questão pessoal. No cargo público que a gente ocupa e com toda a cautela que devemos ter nessa função, não temos que nos pronunciar nessa questão. Sou um funcionário da Caixa, hoje atuando na gestão das loterias federais, e faço lá o meu papel de acordo com o que a gente hoje tem de legal, independente do presidente ou dos partidos que estão à frente do governo. Nossa posição enquanto funcionário público, em uma instituição forte como a Caixa, é estar atuando da melhor forma possível sempre cumprindo a regulamentação legal que temos para o nosso mandato.

Fonte: Exclusivo GMB