Boa parte dos 25 clubes por ela patrocinados captam sinais suficientes — além do discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes — para imaginar que a parceria não terá muito futuro. Ao menos, não nos moldes atuais.
Marca de maior exposição em camisas na Série A no ano passado, a Caixa já sumiu dos uniformes dos clubes com os quais o contrato já expirou. O fato é sintomático porque, pela primeira vez, o banco estatal notificou os parceiros para retirá-lo das camisas assim que o vínculo terminou. Em anos anteriores, a Caixa não se incomodou em seguir estampada enquanto os clubes negociavam novos contratos.
A preocupação com a diminuição do investimento da Caixa no futebol afeta até a CBF. Em 2018, o banco já deixou de patrocinar o Brasileirão feminino. Em dezembro, o secretário-geral da entidade, Walter Feldman, chegou a dizer que estava tudo certo para a permanência da Caixa na lista de patrocínios da Copa Verde, competição que envolve clubes do Norte e Centro-Oeste. Mas a mudança de governo trouxe um desenho diferente.
A expectativa na CBF é que um dos vice-presidentes, o agora ex-deputado federal Marcus Vicente (PP-ES), encontre-se nesta quinta-feira com a direção da Caixa para saber o rumo da parceria.
O Flamengo, que recebeu R$ 25 milhões da Caixa ano passado, tenta convencer o novo governo que a base de torcedores do clube — incluindo as redes sociais, onde lidera o ranking do Ibope Repucom — garante ao banco um retorno raro.
"Certamente é um dos melhores investimentos de comunicação e marketing feitos pela Caixa", aposta Gustavo Oliveira, vice de marketing do rubro-negro.
No Botafogo, ainda há um lastro de esperança porque o contrato atual só expira ao fim de fevereiro. O clube tem como trunfo a ajuda do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), reeleito e ainda influente em Brasília. Alvinegro, ele articulou para que o acordo atual fosse concretizado. A diretoria, ao mesmo tempo, diz que prospecta outros parceiros.
"Se a Caixa não quiser renovar, certamente teremos outros (patrocinadores) potenciais", disse o diretor-geral Luis Fernando Santos.
Via de regra, o superintendente regional da Caixa é o intermediário das negociações com cada clube. Depois, as propostas são levadas a Brasília. Alguns clubes chegaram a enviar os valores que pretendem receber.
Pedro Trengrouse, professor em gestão esportiva da FGV, alerta que os clubes encaram a relação de patrocínio com pouca proatividade, o que diminui seu poder de barganha e até o potencial financeiro da parceria.
"O clube não pode agir como se fosse um simples outdoor. Seria mais inteligente estruturar um patrocínio em cima do resultado financeiro concreto que a empresa obtém", avalia.
O analista de marketing esportivo Amir Somoggi, sócio da Sports Value, segue a mesma linha.
"O clube ganha muito quando tem o respaldo de uma marca gigantesca, e por isso é preciso oferecer benefícios reais. Ajudar a Caixa a vender cartão de crédito, seguro de carro, plano de saúde. Não adianta esperar só um cheque gordo".
Fonte: GMB / Extra