MAR 23 DE ABRIL DE 2024 - 16:26hs.
Terceiro webinar do GMB LiveSeries

Payout melhor, digitalização e a exploração privada, o caminho para a modernização das loterias

No terceiro webinar do ciclo “Agora Brasil” com apoio da Clarion Events, Altair Mendanha (Ministério de Economia), Roberto Quattrini (representante das empresas IGT/Scientific Games para Lotex), Sergio Alvarenga (Presidente do Conselho da Intralot Brasil), Ludovico Calvi (presidente da GLMS) e o advogado especialista Roberto Brasil Fernandes debateram o futuro das loterias no pais. Eles falaram da importância da abertura do negócio à iniciativa privada, melhoria do payout, segurança jurídica e digitalização para que os investimentos tragam modernização ao setor. Veja a transmissão completa.

Ao saudar os palestrantes e agradecer aos participantes que acompanharam o webinar pelas mídias sociais, Carlos Cardama, CEO do GMB, lembrou a importância das loterias, como uma atividade lúdica que encanta milhões de brasileiros e tem sido uma fonte de recursos milionários para o governo, além de ser responsável por apoio social. “O Brasil precisa se modernizar na área de loterias, permitir a operação pelos estados e garantir que mais ajuda social, função primeira da existência das loterias, continue levando prosperidade a entidades assistenciais”, afirmou, agradecendo à Clarion Events pelo apoio a mais um webinar do GMB.

 

 

Depois da presentacão da Eliane Nunes, da Clarion, Witoldo Hendrich Jr cumprimentou a todos e agradeceu mais uma vez pela oportunidade de mediar o webinar. Como não poderia deixar de ser, comentou que a Caixa Econômica Federal detinha o monopólio da exploração até a chegada da Lotex, em mãos da iniciativa privada. “O poder da Caixa vai se dissipando, então quero saber como o governo encara isso, perdendo uma fatia do negócio”.

Altair Mendanha, do Ministério da Economia, disse que como órgão regulador, não enxerga como uma perda. "A loteria instantânea não estava atividade, então não perdemos. A Caixa tem a incumbência de regular e explorar o negócio loterias. Como ela era um produto que já havia sido explorado, não cria sombra sobre as demais modalidades. Essa relação está muito tranquila e o consórcio vitorioso no leilão está em tratativas com a Caixa para explorar os canais de distribuição. É uma nova dinâmica e todos ganham. A Caixa também é vitoriosa”.

 

 

Prosseguindo, Witoldo questionou Roberto Quattrini sobre quando a Lotex será lançada. O executivo do consórcio informou que em função da pandemia, foi necessário postergar a entrada em operação da loteria instantânea. “Acredito que será possível lançar a loteria instantânea entre novembro e janeiro do próximo ano. Gostaria de confessar aqui o alto profissionalismo que encontramos nas esferas de governo envolvidas com nosso processo”. Segundo ele, a loteria instantânea não é concorrente dos demais jogos. A loteria instantânea tem prêmios de valor inferior, mas muitas extrações, o que a torna um produto bastante interessante. “Temos planos muito agressivos para o Brasil e a nova loteria será muito atrativa para todos e a maior rede de jogo do Brasil”, afirmou.

 

 

Sobre o entendimento jurídico, Roberto Brasil Fernandes comentou que loteria é uma instituição publica que tem poder de regulamentar, fiscalizar e tributar a atividade e que pode ser explorada diretamente pelo poder público, ou indiretamente pela iniciativa privada, mediante contratos com a União ou com os estados. Portanto, no Brasil a loteria sempre foi pública, “mas sua exploração pode, sob controle e fiscalização do Estado, por empresa privada. Trata-se de uma fonte de recursos para servir a projetos sociais e necessita para cumprir com seu objetivo e garantir sua existência, ter resultado econômico. A loteria, no Brasil, tem há décadas um dos piores resultados econômicos do mundo numa relação demanda x receita. Nos últimos anos, a partir da gestão de Mansueto Almeida e de seus sucessores, houve um entendimento da importância da loteria para o Brasil e passou-se a tratar de novas modalidades, discutindo com a sociedade novos modelos de loteria, na condição de órgão regulador”, disse.

"Em 2018 foram legalizadas as apostas de quota fixa e foi lançada a loteria online da Caixa. Tais ações representam um avanço significativo. Acho que falta pouco para a regulamentação das apostas esportivas e da Lotex, mas que sejam regulamentações que assegurem viabilidade econômica, segurança jurídica para os investimentos privados e que sejam permitidas apostas tanto em canais físicos quanto online. E que tudo isso ocorra num ambiente concorrencial, permitindo a modernização da atividade", acrescentou.

 

 

Ludovico Calvi, presdidente da Global Lottery Monitoring System (GLMS), comentou que um dos grandes avanços na atividade de jogos é a digitalização que vem crescendo. “Todas as operações podem ser feitas de um celular e a segurança cibernética nos oferece tudo que precisamos para que todos tenham um relacionamento adequado diante da diversificação de canais. Temos de unir nossos clientes”, afirmou, lembrando que hoje as empresas privadas estão entrando num mundo até pouco tempo atrás dominado pelos governos, o que tem promovido avanços da atividade.

Sobre tecnologia, Witoldo questionou Sérgio Alvarenga sobre as grandes mudanças na Loteria de Minas Gerais com a operação da Intralot e os desafios encontrados ao longo do caminho e os payouts mais elevados que os praticados pela Caixa. Alvarenga comentou que há dez anos vem trazendo jogos online para os apostadores mineiros e a maior dificuldade é encontrar uma operação diferente. “Minas Gerais exige uma operação de logística complicada e conseguimos isso, além de mostrar ao mineiro a diferença de não apostar mais apenas em casas lotéricas”, afirmou. Sobre tecnologia, disse que a operação exigiu técnicas de geolocalização e outras formas de não operar fora dos limites do estado.

 

 

Além disso, nosso payout exige um mínimo de 60%, o que o torna compatível com as operações em outros países. No mundo inteiro o jogo já é visto com entretenimento e isso tem sido importante para a Intralot e para todos os mineiros, que foram conquistados pelas nossas ofertas”. Com a tecnologia, Alvarenga comentou que ela aproximou a Intralot dos clientes. “Como eles são cadastrados em nosso site, falamos com eles o tempo todo, entendendo seus gostos e interagindo para seguir atendendo bem e surpreendendo nossos clientes”, disse Alvarenga.

Roberto Brasil retomou a palavra para lembrar que a Loteria do Estado do Piauí foi a primeira a operar online no país. “Eles sempre foram muito eficientes e essa experiência pode servir de exemplo para o mercado”, disse.

Witoldo questionou Altair Mendanha sobre os concorrentes periféricos da loteria instantânea, como o jogo do bicho e raspadinhas baseadas em planos de capitalização. O dirigente do Ministério da Economia disse que a preocupação sobre as raspadinhas foram uma preocupação durante o processo de leilão da Lotex, mas com medidas da Susep, a questão foi resolvida. “O mercado ilegal em si tem de ser combatido. Temos uma grande oportunidade com as apostas de quota fixa de trazer os ilegais para o mercado legal. Governo, mercado e apostador são os participantes de um tripé de sucesso para a atividade”, afirmou.

 


Quattrini disse que quando decidiram participar do leilão da Lotex, analisou que o jogo ilegal tarde ou cedo seria trazido para a legalidade ou eliminado pelo governo. “O que falta é paridade de tratamento no âmbito do jogo legal. Um título de capitalização não paga licença nem imposto sobre o prêmio, ou seja, são uma concorrência ilegal para nossa atividade. A permissão para que os canais de TV possam fazer sorteios não determinou regras e obrigações. Isso pode causar problemas para o jogo legal regulamentado no Brasil”, comentou.

Roberto Brasil disse que os sorteios de títulos de capitalização são altamente taxados e seguem regras, com controle até pelo Ministério Público e regulado pela Susep. “Muitos hospitais poderiam não estar operando sem os recursos gerados pelos títulos de capitalização”.

Ainda sobre o jogo ilegal, Ludovico Calvi disse que é importante criar um cenário para que o mercado ilegal entre para a legalização. “Operadores que hoje não têm licença precisam receber a oferta do governo para que entrem no mercado legal, a partir da regulamentação da atividade. O mercado ilegal surgiu e é atrativo para os apostadores. O mercado deve garantir ofertas atrativas para os jogadores para que eles apostem em jogo legal. O payout é um assunto importante. Na Itália, sempre existiram apostas esportivas e quando legalizamos a atividade, a taxa era alta e o mercado ilegal continuou crescendo. Se o payout for adequado, o mercado legal se torna atrativo para os apostadores. Hoje o mercado ilegal representa apenas 5% das ofertas de jogo na Itália, graças à ação do governo no sentido de melhorar o payout para as operações”, contou. O próximo ano, com a entrada em operação das apostas esportivas, poderá ser um marco para o Brasil, na sua avaliação.

Sobre proteção ao jogador, Witoldo questionou Sérgio Alvarenga sobre a experiência da Intralot. “Quando se identifica o jogador, você garante uma série de seguranças, como o combate à lavagem de dinheiro e mais ainda, que o jogador não é um ludopata”, comentou Witoldo. Alvarenga disse que a identificação dos jogadores é feita nas operações via online, mas que não existe na operação física.

O valor de nossas apostas é de R$ 2,00 e pode chegar, com as multiplicações, a R$ 500,00. Não temos valores muito altos e até mesmo o pagamento de prêmios é feito, nos pontos de vendas, apenas para valores inferiores a R$ 1.000,00. Acima disso, somente conosco, o que garante a segurança de todo o processo”, afirmou.
 


Segundo ele, o jogo ilegal é que se transforma em um desafio enorme. “O jogo do bicho opera muito bem há mais de 100 anos e só será combatido com a legalização. Ele deveria ser trazido para a legalidade, com o governo angariando recursos com a atividade. Esse é o único jeito de termos um mercado totalmente equilibrado”. Para Alvarenga, a redução dos impostos poderia contribuir com o aumento do payout e fazer com que mais apostadores venham para o mercado legal, deixando de lado apostas em atividades ilegais.

No final do webinar, Quattrini disse que o Brasil está fazendo a coisa certa. “Depois de tantos anos, o Ministério da Economia e o governo estão colocando regras importantes para a regulamentação do jogo, com o primeiro objetivo o de proteção ao jogador. Tudo requer tempo e o Brasil está num bom caminho", atestou.

Sobre como modernizar as loterias, Alvarenga informou que todas as empresas do setor estão dispostas a vir para o Brasil, “mas o que precisamos é tirar do governo o papel, que não é foco de governo nenhum, desenvolver o mercado lotérico. Os produtos devem estar nas mãos da iniciativa privada e é muito positivo ver a posição do governo de se dispor a privatizar a atividade”.

Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil