JUE 28 DE MARZO DE 2024 - 20:22hs.
Gilberto Gueiros Da Silva, novo presidente da entidade

“Em minha gestão, a LOTERJ cumprirá e ampliará a ajuda social aos que mais necessitam”

Recém nomeado para a presidência da LOTERJ, o coronel da reserva do Exército Gilberto Gueiros da Silva defende, em sua primeira entrevista ao GMB, a manutenção e ampliação das ações sociais da empresa no Rio de Janeiro. “Estamos iniciando tratativas para que os recursos necessários sejam aportados e destinados aos programas em prol da sociedade, hoje em curso”, afirma. Segundo ele, a legalização dos jogos em geral, a exemplo do que acontece em outros países, “será benéfica para o Brasil”.

GMB - Esta é a primeira entrevista que você oferece em seu novo cargo como presidente da LOTERJ. Conte-nos um pouco sobre sua trajetória e como chegou a essa função inédita na sua carreira.
Gilberto Gueiros Da Silva -
Sou oficial militar do Exército e com formação em engenharia. Já estive no comando de tarefas complexas e imagino que o convite para assumir a LOTERJ veio desse histórico. A LOTERJ, vale registrar, é uma tarefa complexa, pois fazer gestão de um serviço público, com todas as regras que os órgãos públicos devem observar, e, ao mesmo tempo, competir pela preferência daqueles que desejam apostar ou se divertir apostando não é fácil.  

A LOTERJ sempre foi um vetor de desenvolvimento econômico e social no estado do Rio de Janeiro. Sua ideia é aprofundar essa função, ainda mais nesse momento pós-pandemia, no qual mais pessoas irão precisar de ajuda?
Sem dúvidas! Ajudar as pessoas é e sempre será a razão de existir da LOTERJ. A LOTERJ é uma fonte de recursos não tributária, como todos sabem. Vive de vendas e, portanto, também sofreu com a pandemia. Mas é importante observar que essa experiência evidenciou, ainda mais, a modificação dos hábitos de consumo e está nos obrigando a buscar novos caminhos para darmos uma resposta rápida no que tange à retomada das vendas. Isso significa, em última instância, auxiliar na ativação da economia local e gerar recursos para ajudar a população mais carente do estado do Rio de Janeiro. A LOTERJ cumpre essa missão há mais de 70 anos e estamos nos empenhando para mantê-la e ampliá-la.

Alguns veículos informaram que antes da sua nomeação, a LOTERJ havia decidido não renovar convênios de projetos sociais com algumas instituições. Isso é verdade?
Essa informação está equivocada. Como disse, a pandemia impactou as vendas em geral, mas a LOTERJ ainda é um importante vetor das ações sociais do estado do Rio de Janeiro. E, apesar de todas as dificuldades, estamos iniciando tratativas para que os recursos necessários sejam aportados e, consequentemente, destinados aos programas sociais hoje em curso.

O quanto a pandemia da COVID-19 afetou as vendas e quais os planos para recuperar os números da loteria?
A pandemia causou impacto nas vendas. Hoje os bilhetes da LOTERJ são vendidos, preponderantemente, no comércio de rua. Existe um consumidor “clássico” relacionado à circulação nas ruas. Com as políticas públicas para preservação das vidas, essa circulação foi afetada e, por conseguinte, as vendas desse comércio de maneira geral. A LOTERJ está neste contexto. No momento atual, as pessoas estão voltando a circular e as vendas estão voltando. Mas, de qualquer maneira, as lições estão sendo aprendidas e dentre elas e necessidade de modernizar.

Na sua gestão um dos seus principais projetos será promover um canal de jogo online para os produtos da LOTERJ? Acredita que a entidade necessita se modernizar e abrir outros canais de venda?
Modernizar é preciso. É fundamental e vai acontecer, mais cedo ou mais tarde. Trata-se da sobrevivência das loterias estaduais e, portanto, da fonte de recursos que beneficiam milhares e milhares de pessoas. Nesse sentido, temos que a web é uma realidade e não existe estratégia de venda atual desconsiderando-a. Contudo, estamos lidando com um serviço público quase centenário, com regramentos públicos e tudo deve ser considerado antes de avançarmos decisivamente.

Recentemente, a LOTERJ protocolou um pedido para ser amicus curiae na ação da ABLE no STF. Considera que as loterias estaduais estão defasadas e ficam muito atrás na concorrência contra as modalidades da Caixa?
Essa pergunta é uma oportunidade para completar a resposta anterior. A LOTERJ está inserida num “mercado de apostas” que, atualmente, é muito competitivo, pois competimos com: a) as loterias da União Federal, dentre elas os produtos explorados pela CEF; b) os sorteios realizados no âmbito dos títulos de capitalização; c) com os sorteios em redes de televisão, recentemente aprovado; e d) em breve com a LOTEX e com as apostas esportivas. Então temos que a concorrência com a Caixa é apenas mais uma das nossas preocupações. O foco, indo direto nele, é manter a capacidade das loterias estaduais de competir. Não temos medo da competição, já vivemos nela faz tempo, mas não é justo colocar um velocista para correr 100 metros carregando “um saco de cimento de 50 kg”. As ADPFs 492 e 493 debatem o nosso modelo de Federação, a capacidade de autogestão dos estados e assim por diante – questões constitucionais de alta relevância, mas nossa Assessoria Jurídica, com o auxílio da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro, foi muito feliz em trazer para o debate o tema da modernização das loterias estaduais como pressuposto da capacidade de competir e, portanto, de existir.   

Qual a sua opinião sobre a legalização dos jogos de azar (cassinos, bingos etc.) em geral no Brasil?
Minha opinião pessoal, que não se confunde com qualquer posicionamento institucional do Estado do Rio de Janeiro, é no sentido de que são atividades econômicas e que, uma vez bem reguladas, a exemplo do que acontece em outros países, serão benéficas para o Brasil.

Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil