DOM 19 DE MAYO DE 2024 - 23:24hs.
Presidente da Fenae é contra

Loterias da Caixa estão na mira das privatizações

Em 2020, a arrecadação das loterias bateu recorde, chegando a R$ 17,1 bilhões, segundo o banco. O montante é 2,35% maior do que o aferido em 2019 (R$ 16,7 bilhões). Apesar desse resultado, o governo pretende vender as loterias federais, assim como outras quatro subsidiárias da Caixa estratégicas e lucrativas ao país. Porém o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto, é contra o processo de privatização das Loterias da Caixa.

As loterias federais repassaram quase R$ 3 bilhões só à Seguridade Social. Ações de esporte e cultura receberam mais de R$ 1,9 bilhão. Já para o Fundo Nacional de Segurança Pública, os repasses ultrapassaram R$ 1,5 bilhão. No total, R$ 8,046 bilhões foram investidos, no último ano, em programas sociais com recursos dos jogos administrados pela Caixa Econômica Federal. 

“Se as loterias forem privatizadas, vão continuar repassando estes valores para as áreas sociais ou estes recursos irão para o lucro das empresas controladoras?”, questiona o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Sérgio Takemoto. “Além de premiar os apostadores, as loterias destinam cerca de 40% dos recursos para o financiamento de políticas públicas em educação, saúde, esporte, cultura e segurança pública, reforçando o papel social da Caixa, que é e precisa continuar sendo 100% dos brasileiros”, acrescenta.

Ano passado, os mais de R$ 8 bilhões arrecadados também foram direcionados à saúde (R$ 4,662 milhões), ao Fies (R$ 311,957 milhões) e a entidades de apoio à criança, ao adolescente e a portadores de necessidades especiais (R$ 5,129 milhões), como a Apae e Fenaspestalozzi. “As loterias contribuem sobremaneira para a redução das desigualdades regional e social”, reforça Takemoto.

Porém, conforme observa o presidente da Fenae, o governo ignora as incertezas da crise econômica e insiste na privatização, aos pedaços, da Caixa Econômica. “O banco público que provou ser essencial aos brasileiros especialmente nesta pandemia”, ressalta Sergio Takemoto.

Na última semana, o presidente da estatal, Pedro Guimarães, admitiu que tem “foco total na venda de fatias de subsidiárias”. O plano é vender, além das loterias federais, outros quatro pilares do banco por meio de IPOs (Oferta Pública Inicial de ações, na sigla em inglês) dos setores de Seguridade, Cartões, Gestão de Recursos e o ainda nem formalizado Banco Digital, além de outras 24 empresas coligadas.

No último dia 27, a Caixa emitiu comunicado informando que pretende retomar a abertura de capital da Caixa Seguridade. Esta é a terceira tentativa de venda desta subsidiária. Em setembro, o banco suspendeu o IPO alegando condições adversas do mercado devido à pandemia da COVID-19.

“A abertura de capital de subsidiárias da Caixa não vai salvar a economia do país. Representa, na verdade, o enfraquecimento do banco 100% dos brasileiros”, acrescenta o presidente da Fenae.

Takemoto alerta que, com a instabilidade do mercado nesta crise econômica sem precedentes, a população será a mais atingida se a Caixa perder as subsidiárias que o governo planeja vender. “São elas que permitem, por exemplo, que o banco seja líder no financiamento das menores taxas para a compra da casa própria e realize a operacionalização de programas e ações em toda a área social, além do Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies)”, ressalta.

Fonte: Folha do Bico