O Seminário Internacional "Jogos de Loteria Seguros, Responsáveis e Sustentáveis em Loterias", organizado pela Cibelae com o apoio da Associação Mundial de Loterias (WLA) e sediado pelas Loterias do Estado do Paraná (Lottopar), foi concluído com um sucesso retumbante, reunindo 150 participantes presenciais de 16 países (Argentina, Brasil, Canadá, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Espanha, Honduras, México, República Dominicana, Singapura, Estados Unidos e Uruguai).
Encerrado com forte adesão e troca de boas práticas, o seminário reforçou o papel das loterias estatais como instrumentos de políticas públicas responsáveis.
O encontro foi considerado um marco crucial para o fortalecimento da integridade do setor lotérico e a promoção de práticas responsáveis e sustentáveis.
O evento abordou desafios críticos, como o combate ao jogo ilegal e a necessidade de uma governança forte, reafirmando o compromisso do setor com a transparência e o bem-estar social.

Principais conclusões e perspectivas dos principais atores
1. Combate ao Jogo Ilegal e Proteção da Integridade do Setor:
Andreas Kötter, Presidente da WLA, destacou a importância dos padrões da WLA (Padrão de Controle de Segurança – SCS e Estrutura de Jogo Responsável – RGF) como pilares da integridade do setor, que "diferenciam nossa indústria de qualquer outro player no mercado". Em um mundo "varejo e digital" onde as fronteiras estão se esvaindo, Kötter alertou sobre o jogo ilegal e a necessidade de combatê-lo.
Nesse sentido, a WLA iniciou um projeto de "abordagem híbrida" com a Universidade de Lausanne, a Interpol, o UNODC e o FBI, entre outros, para quantificar o mercado ilegal, chamando-o de "união dos mocinhos".
"Apostas em loterias" (como a Lottoland), que operam em jurisdições com impostos mais baixos, foram destacadas, minando o modelo de loterias legítimas que contribuem para causas sociais e pagam impostos. Kötter revelou que o Brasil é o segundo país com maior tráfego para a Lottoland (20%).
O risco dos serviços de entrega de loterias e das compras em grandes quantidades também foi discutido, citando um caso específico em que um sindicato comprou 99,3% das combinações para ganhar um prêmio de US$ 95 milhões. A WLA expressou "sérias preocupações" e está desenvolvendo salvaguardas, como a limitação de terminais e o rastreamento de compras de grande porte.
Em relação às apostas esportivas, Kötter foi enfático: "Quem age ilegalmente não pode ser membro da nossa associação". Foi anunciado o fortalecimento da ULIS (Loterias Unidas para a Integridade no Esporte) para prevenir e detectar atividades irregulares de apostas.
Por sua vez, Regis Dudena, secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda do Brasil, ressaltou que a regulamentação é fundamental para a proteção das pessoas e da economia popular. Ele criticou o crescimento descontrolado das apostas esportivas no Brasil devido à falta inicial de regulamentação, que levou "praticamente 50% das plataformas de apostas no país hoje a serem ilegais".

Dudena detalhou as ações do Brasil: a retirada de 13 mil domínios ilegais desde outubro passado, o combate à publicidade ilegal por meio de acordos com plataformas e a interrupção do fluxo financeiro para casas de jogos ilegais, aplicando o princípio de "seguir o dinheiro".
Dudena também mencionou a criação do SINAPO (Sistema Nacional de Apostas), iniciativa que reúne 16 estados e o Distrito Federal para fortalecer a regulamentação e a fiscalização em nível nacional.
Nesse contexto, Marcela Sánchez e Agustín Li Gambi, da Comissão de Assuntos Jurídicos da Cibelae, apresentaram um estudo sobre jogos ilegais na América Latina. Sánchez enfatizou que a colaboração é a "chave" para enfrentar os desafios do setor e conscientizar os consumidores sobre a importância de adquirir produtos legais para apoiar causas sociais.
Nessa perspectiva, Bernardo Núñez, gerente de tecnologia da Polla Chilena de Beneficencia, revelou o impacto brutal das casas de jogos ilegais no Chile, que investem "cinco vezes mais em publicidade" do que a Polla Chilena, resultando em um prejuízo anual estimado em US$ 5 milhões para o tesouro e seus beneficiários.
Enquanto isso, Samanta Solórzano, da Junta de Proteção Social da Costa Rica (JPS), compartilhou que 51% dos estabelecimentos físicos de jogos são ilegais em seu país, gerando um prejuízo de US$ 600 milhões para a JPS. Ela ressaltou a dificuldade de competir sem uma legislação específica para combater essas práticas.
Nesse sentido, Daniel Romanowski, presidente da Lottopar, enfatizou que os problemas do setor "muitas vezes cruzam fronteiras" e que "conhecimento, com dados, é necessário para resolvê-los". Nesse sentido, ele reconheceu que as loterias estão aprendendo com as experiências da WLA e da Cibelae para tomar decisões assertivas.
Jogo responsável e sustentabilidade
O seminário enfatizou "Jogo Seguro, Responsável e Sustentável" como tema central. Foram apresentados painéis sobre:
- Estudos de prevalência para compreender o impacto da atividade na sociedade.
- Design de produtos com abordagem responsável e uso de escalas de risco.
- Tecnologias e Inteligência Artificial (IA) para proteção de jogadores e detecção de sites ilegais.
- Comunicação e publicidade responsáveis, com Alfonso Galiano (ONCE) compartilhando as melhores práticas.
- Certificações de Jogo Responsável da WLA, com Mélissa Azam (WLA) e Xu Ming (Loteria Esportiva da China) detalhando sua importância.
- Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e Sustentabilidade, incluindo a aplicação dos princípios ESG (ambientais, sociais e de governança) como base para o crescimento do setor.
As especialistas em sustentabilidade Mónica Gutiérrez, Christine Wechsler e Stephanie McFadden, da Scientific Games, discutiram como integrar responsabilidade e sustentabilidade ao ecossistema lotérico para um futuro resiliente.
O papel social das loterias foi destacado, mostrando como seus recursos financiam causas sociais e contribuem para a redistribuição, inclusão e sustentabilidade.
A Cibelae apresentou suas ferramentas para o desenvolvimento sustentável, incluindo uma plataforma de treinamento online, webinars, bolsas WLA e acesso ao sistema de monitoramento ULIS. Também foi destacado o desenvolvimento de uma norma técnica para prevenção à lavagem de dinheiro com três níveis de conformidade, um "sonho realizado e que já está dando frutos", segundo Carolina Galtieri, coordenadora do comitê técnico de PLD/CFT da Cibelae.
O evento também contou com um painel sobre "Mulheres Líderes e Sustentabilidade", destacando a perspectiva de gênero para o crescimento do setor.
O seminário reafirmou o compromisso do setor com um modelo de jogo justo, seguro e responsável, que gere valor social e contribua para o desenvolvimento comunitário.
Fonte: GMB