VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 06:33hs.
Impactos econômicos e uso de VLTs

Segundo dia do congresso de loterias municipais reforçou a evolução da atividade e o futuro do setor

O segundo dia do III Congresso Nacional de Loterias Municipais do Brasil, nesta quinta (14) teve como destaque o impacto da desaceleração do mercado de apostas no país, operação localizada, utilização de Video Lottery Terminals (VLTs) e consórcios intermunicipais. A programação contou com cinco painéis que analisaram os desafios econômicos, institucionais e tecnológicos do setor.

O evento reuniu autoridades, especialistas e representantes do setor para debater a evolução do segmento de loterias municipais e o futuro da atividade no Brasil.

Desaceleração do mercado de jogos e impactos no futebol brasileiro

O primeiro painel abordou como a redução do crescimento da indústria de jogos e apostas pode afetar diretamente o futebol nacional. Participaram Mariana Chamelette, vice-presidente do TJDFP, Talita Garcez, sócia do Garcez Associados; e Ana Diedrich, advogada.

Talita Garcez destacou que o PL 2985/23, que limita a publicidade de apostas esportivas, representa risco para os contratos de patrocínio vigentes.

"Entre a Série A e a Série C, 68% dos patrocínios vêm das casas de apostas, e essa receita é usada para despesas básicas, manutenção de estádios, categorias de base e até o futebol feminino. Se houver limitação severa dessa publicidade, não vejo outro segmento capaz de suprir esses valores", afirmou.

Mariana Chamelette reforçou a tradição histórica das apostas no esporte e comparou a situação brasileira com a inglesa, alertando sobre os efeitos da restrição de publicidade. Ana Diedrich completou destacando que restrições severas podem reduzir investimentos e estimular o mercado ilegal.

 



Planejamento e operação de loterias municipais

Em outro painel, especialistas discutiram "Principais etapas no planejamento de uma loteria municipal". Hiago Piau, vice-presidente da Analome, Diego Campos, diretor de inovação da prefeitura de Osasco, e Fabrício Carvalho, gerente de projetos na São Paulo Parcerias, enfatizaram a importância de construir uma base sólida antes de iniciar a arrecadação.

"Cada artigo da lei e do decreto precisa ser pensado não só juridicamente, mas também tecnicamente e estrategicamente, para que o operador tenha sucesso", explicou Hiago Piau.

Os participantes destacaram a necessidade de modelos escaláveis, transparentes e sustentáveis, lembrando que o sucesso de uma operação municipal depende de planejamento detalhado, definição de modalidades, fluxo financeiro e estrutura técnica adequada.

 



Uso de VLTs para geração de receita e dinamização econômica

O painel "O uso de VLTs e a geração de receita e dinamização econômica local" discutiu oportunidades e desafios na implantação de Video Lottery Terminals. Participaram Ana Bárbara Teixeira (Ocean 88 Holdings), Gabriela Novello (Chips Entertainment), Tiago Luz Pinto (Jogo Global), Fabiano Braga (Weebet) e João Motta (advogado).

Os especialistas abordaram o potencial dos VLTs para impulsionar a arrecadação municipal, gerar empregos, fomentar o turismo e fortalecer a economia local, mas também ressaltaram a necessidade de regulamentação, tecnologia auditável e modelos híbridos para atrair jogadores do mercado ilegal.

"Se não começar com o híbrido, não se combate o clandestino. O físico gera receita, empregos e turismo local, enquanto introduz o usuário no ambiente regulado", afirmou Fabiano Braga.

O painel enfatizou a importância do KYC, segurança física, padronização de procedimentos e monitoramento tecnológico para garantir a credibilidade da operação.

 



Consórcios intermunicipais fortalecem loterias regionais

O tema "Consórcios intermunicipais para o planejamento, articulação e definição de ações de caráter regional" foi debatido por Saint Clair Neto, Ana Gatti e Daniela Miranda. O formato de consórcio foi apresentado como estratégia para superar limitações técnicas, estruturais e financeiras de municípios menores, permitindo compartilhamento de recursos, expertise e padronização de processos.

"Um município pequeno pode ter a oportunidade de criar uma loteria, mas nem sempre possui recursos e expertise. O consórcio permite dividir infraestrutura e conhecimento com cidades maiores, criando uma loteria regional", explicou Ana Gatti.

O debate também abordou entraves legais e a necessidade de flexibilização para garantir autonomia dos municípios participantes.

 



Evolução regulatória, comercial e tecnológica

Fechando a programação, o painel "Evolução regulatória, comercial e tecnológica das loterias municipais" reuniu Paulo Horn (OAB/RJ), João Victor Godoy (BetPilot) e Marco Taurisano (Kroopiê Consultoria). Foram discutidos avanços regulatórios, crescimento do mercado, novas tecnologias e tendências de personalização da experiência do jogador.

Paulo Horn destacou desafios históricos na comercialização de jogos físicos e a importância do Pix para facilitar pagamentos. João Victor Godoy apresentou soluções tecnológicas que permitem personalização e análise de dados para otimizar operações. Marco Taurisano reforçou que, apesar da digitalização, o físico continua essencial, e que criatividade é pilar central para o crescimento e engajamento nas loterias municipais.

"O grande diferencial para o setor de loterias é a criatividade. Um exemplo é o Keno, uma loteria de prognóstico numérico, com sorteios a cada quatro minutos, divertido e seguro para o jogador", disse Taurisano.

Fonte: GMB