DOM 19 DE MAYO DE 2024 - 20:53hs.
OPINIÃO - Gabino Oliveira, Presidente da APAJO e CEO da Bet.pt

A integridade esportiva é uma causa global

O jornal português PÚBLICO deu recentemente destaque de primeira página ao tema do jogo online, incluindo um conjunto de artigos assinados pelo jornalista Paulo Curado e que abordam temas de elevada relevância para o setor. Neste artigo, Gabino Oliveira (co-fundador e CEO da Bet.pt), na qualidade de presidente em exercício da APAJO (Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online), acrescenta algumas novidades respeito a uma questão da extrema importância: integridade esportiva.

No final de 2019, a APAJO assinou um Memorando de Entendimento pioneiro com a Sportradar Integrity Services, visando precisamente a prevenção da manipulação de resultados de maneira organizada e global. É claro que todos os nossos membros estabeleceram sistemas e parcerias que ajudam a monitorizar padrões incomuns de apostas e atividades das contas. Mas este acordo com a Sportradar vem reforçar as atividades individualmente desenvolvidas pelos operadores, ao nível da integridade esportiva. E não apenas no futebol, mas em todos os esportes.

O pioneirismo deste Memorando de Entendimento advém do fato de ser a primeira vez que a Sportradar Integrity Services celebra um acordo deste teor com uma associação do setor. Pioneirismo esse que conjuga bem com Portugal ter sido um dos primeiros países a ratificar a Convenção de Macolin, nome pela qual é conhecida a Convenção do Conselho da Europa para a Manipulação de Competições Esportivas, em vigor desde 1º de setembro de 2019.

Quer a Convenção de Macolin quer o Memorando de Entendimento entre a APAJO e a Sportradar partem do mesmo pressuposto: o de que o ‘match fixing’ é uma questão global que apenas pode ser mitigada de uma forma também ela global, através de estratégias, parcerias e acordos internacionais, eficazes e assentes em sinergias.

A manipulação de resultados sempre existiu. Mas, hoje em dia, também graças ao rastreamento completo das atividades na Internet, é possível identificarmos esses problemas de uma maneira mais fácil e rápida. Temos em Portugal uma regulamentação muito restrita e rigorosa, que por si só já mitiga possíveis riscos básicos. No entanto, como o artigo escrito pelo jornalista Paulo Curado salientou, o futebol português é usado para a manipulação de resultados que ocorre na Rússia ou na Ásia. E isso evidencia bem que, particularmente no que diz respeito à integridade esportiva, não basta desenvolver um trabalho seletivo, sendo indispensável cooperar a todos os níveis numa escala internacional.

Naquilo que à APAJO diz respeito, iremos apoiar todas as iniciativas internacionais que ajudem a reduzir e impedir manipulações nos esportes. Estamos avaliando também a realização de um programa educacional que gostaríamos de apoiar. Muitas vezes os atletas não têm dinheiro para viver da sua prática esportiva e financiam-na até do próprio bolso. Se queremos eliminar a viciação de resultados, precisamos primeiro informar os jovens atletas sobre os riscos relacionados com a fraude, mas precisamos também promover um melhor financiamento do seu envolvimento no esporte. É aí que queremos participar e ajudar.

A APAJO foi fundada no final de 2018. Mas desde então já divulgamos estudos e sondagens que permitem definir com maior precisão o setor do jogo online em Portugal e os hábitos dos apostadores, face a outros países. Atualmente, estamos a explorar novas oportunidades de cooperação com parceiros nacionais e internacionais. Este é o caminho a seguir para o bem da integridade esportiva e para o qual estamos certos de continuar a contar com a companhia de jornais como o PÚBLICO, que acompanham de perto o setor e os seus desenvolvimentos.


Gabino Oliveira
Presidente da APAJO
Co-fundador e CEO da Bet.pt