VIE 3 DE MAYO DE 2024 - 14:55hs.
Segundo o analista David Green

Macau tem mais armas que Las Vegas para superar crise

O analista David Green disse à Lusa que Macau tem mais armas que Las Vegas para superar a crise do jogo causada pela COVID-19, porque tem avultadas reservas financeiras e pode contar com as apostas dos jogadores VIP. “As empresas de jogos de Las Vegas normalmente ganham menos de 40% das suas receitas através dos jogos de azar”, frisou o fundador da consultora especializada em regulação de games em Macau Newpage Consulting.

Macau, que é altamente dependente do jogo e do turismo chinês, pode, no entanto, a curto prazo atenuar as perdas através de “poucos, mas bons jogadores”, explicou, num ponto de vista semelhante ao do diretor-executivo da MGM China que afirmou que a operadora de jogo em Macau vai apostar nos jogadores VIP. Já em Macau, o mercado das apostas representa cerca de 90% das receitas das concessionárias.

“Quando estabilizar, (o segmento) de massas poderá voltar”, afirmara, no final de abril, o responsável pela MGM China, reforçando que para já o foco será num “grupo particular de clientes”, numa altura em que verificam ainda fortes restrições nas fronteiras.

De acordo com David Green, Macau tem ainda outra grande vantagem: “tem enormes reservas financeiras criadas a partir de anos de orçamentos excedentes do Governo”.

Por outro lado, o problema para estados norte-americanos dependentes de jogos como Nevada, Nova Jersey e Pensilvânia é que não “podem se dar ao luxo de ver as operações dos cassinos prejudicadas ou encerradas por muito tempo, caso contrário sofrerão consequências fiscais de longo prazo”.

Macau já reabriu os cassinos e os resorts integrados, depois de pelo menos 15 dias de encerramento, mas com várias medidas de saúde em vigor: esforço redobrado nas operações de limpeza e desinfecção, uma maior distância entre as mesas de jogo para ‘despistar’ o risco de contágio, a obrigação de todos se sujeitarem a uma medição corporal da temperatura e de apresentarem uma declaração de saúde.

Além disso, não são permitidas apostas em pé e aglomerações, pelo que é determinada uma distância mínima entre os jogadores. E, além das mesas tradicionais, também algumas máquinas de jogo eletrônico foram desativadas para garantir uma distância segura entre os apostadores.

Las Vegas, por outro lado, está agora a preparar-se para reabrir as suas operações e “Macau pode sugerir boas práticas“, considerou David Green. Contudo, culturalmente, os dois centros mundiais dos cassinos são diferentes e, segundo David Green, há medidas que não vão ser bem acolhidas pelos norte-americanos e, principalmente, pelos republicanos.

 “Culturalmente, algumas medidas adotadas em Macau podem não chegar aos EUA, como verificações obrigatórias de temperatura. […] há quase uma guerra cultural a ser travada entre progressistas (democratas), que têm um maior senso coletivo de responsabilidade, e conservadores (republicanos), que colocam direitos individuais em primeiro”, justificou.

Por isso, estados norte-americanos como Geórgia e o Texas (republicanos) seguiram um caminho totalmente diferente de Nova Iorque e Califórnia, explicou.

Macau está há 28 dias sem registar novos casos, tendo sido esta quinta-feira anunciada mais uma alta hospitalar. Dos 45 casos registados desde o início da pandemia, 40 foram dados como recuperados.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia do COVID-19 já provocou mais de 260 mil mortos e infectou cerca de 3,7 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Mais de um 1,1 milhões de doentes foram considerados curados.

Fonte: GMB / Lusa