JUE 25 DE ABRIL DE 2024 - 22:20hs.
Impacto da COVID-19 em Portugal

Apostas online movimentam mais de 500.000 euros por hora em semestre com pandemia

O Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos revelou um relatório do Impacto da COVID-19 no Jogo Online. Entre Março e Junho, o valor das apostas chegou aos 1701 milhões de euros, um numero inédito impulsionado pelo confinamento. Só em Abril, o valor foi de 479,3 milhões de euros, equivalente a 59% de todas as apostas online do segundo trimestre do 2019. Porém o volume caiu para 239,9 milhões nos primeiros semestre devido a suspensão dos eventos.

Além das máquinas de jogo, que tradicionalmente são o principal alvo dos apostadores, as preferências foram para a roleta e para o pôquer, cujo peso no total das apostas subiu neste período. Os dados constam da análise ao impacto da COVID-19 nos jogos e apostas online divulgada nesta segunda-feira pelo Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos (SRIJ).

Na análise, na qual são fornecidos pela primeira vez dados mensais, verifica-se uma subida de 62,5% do volume de apostas no primeiro semestre deste ano, para 2532,6 milhões de euros, suportada pelos jogos de fortuna e azar, já que as apostas esportivas tiveram uma pequena descida de 1,5% (para 239,9 milhões de euros).

“A partir de meados de Março e até ao início de Junho, o efeito da suspensão de competições esportivas e o encerramento dos casinos [fechados de 14 de Março a 1 de Junho] impactou na evolução normal da atividade de exploração dos jogos e apostas online”, diz o relatório do SRIJ. Além disso, destaca-se que há agora mais cinco licenças para exploração deste tipo de jogo, o que, diz, torna difícil as análises comparativas.

A evolução registada nos primeiros seis meses deste ano, realça o SRIJ, “foi totalmente atípica”, não deixando de afirmar que “o encerramento dos casinos contribuiu para o aumento significativo” do volume de jogo online, embora não acrescente mais dados sobre a dimensão dessa migração. Neste período, refere-se na análise, registaram-se 287,8 mil novos registos de jogadores, “concentrados principalmente entre meados de Março e meados de Abril”.

Em Abril, o mês em que o valor do jogo de fortuna ou azar chegou aos 479,3 milhões de euros, foi o mesmo que assistiu a uma queda das apostas esportivas à cota para o mínimo de 7,7 milhões de euros. Ao todo, foram apostados 487 milhões de euros.

 

 

De acordo com os dados agora disponibilizados, o melhor mês foi mesmo o de Maio, chegando aos 495,7 milhões, divididos por 468,3 milhões de fortuna ou azar e 27,4 milhões das apostas esportivas. O início da recuperação destas últimas foi suportado pelo arranque da liga de futebol alemã, a 16 de Maio, seguindo-se o campeonato da Bielorrússia.

Já em Junho, com alguma normalização, o total das apostas foi de 427,5 milhões de euros, com o jogo de fortuna e azar a descer da fasquia dos 400 milhões (para 371,9 milhões) e as apostas esportivas a subirem para 55,6 milhões de euros.

“Variações atípicas”

Em comunicado, o Ministério da Economia destaca que, “tal como em outras atividades econômicas, a situação da pandemia teve impacto no mercado dos jogos e apostas online, traduzindo-se em variações significativas e atípicas no volume de apostas realizado, contrariando as tendências normais de crescimento que vinham sendo observadas em período anterior”. Neste período, diz o ministério tutelado por Pedro Siza Vieira, este negócio se adaptou “à nova realidade, mantendo um certo equilíbrio, no contexto das alterações do próprio mercado e do comportamento dos jogadores”.

Pelo caminho ficou um projeto de lei do PAN, aprovado pela Assembleia da República, que previa “limitações de acesso a plataformas de jogos de azar online” (conforme estipulado na  Lei n.º 7/2020 de 10 de Abril) durante o estado de emergência. Nada foi feito nessa altura, tendo posteriormente o Ministério da Economia afirmado ao PÚBLICO que a lei em causa desenhava um regime aplicável ao estado de emergência, e que entretanto este já tinha terminado.

O SRJI, referiu então fonte oficial deste ministério, iria continuar a “monitorizar diariamente a atividade das entidades exploradoras, com base em vários indicadores de monitorização, criados a partir dos dados recolhidos nas plataformas de jogo” e a “garantir o controlo dos operadores ilegais de jogo, combatendo a existência de oferta de jogo em sites não regulados, nos quais o jogador está desprotegido, tornando-se, por isso, mais vulnerável a práticas não aconselháveis”.

Fonte: GMB / Publico.pt