SÁB 5 DE OCTUBRE DE 2024 - 10:47hs.
De volta ao pano verde

Igor "Federal" Trafane vence PL Omaha no BSOP Winter Millions: “Emoção diferente”

Um dos motivos pelo poker ser tão grande e bem-organizado no Brasil tem nome: Igor Trafane, o “Federal”. Nesta quarta-feira (26), Federal trocou as mesas de reunião pelas de poker e deu show. O jogador de São João da Boa Vista (SP) superou um field de 160 entradas no PL Omaha do BSOP Winter Millions, faturando o troféu de campeão e um prêmio de R$ 70 mil.

Este conteúdo foi produzido em parceria com o SuperPoker.

É diferente, de verdade, uma emoção diferente”, disse Federal após a vitória. “Há uns 10 anos, até mais, eu decidi que ia jogar poker, ser profissional. Durante os anos de 2006 a 2008 fui bastante lucrativo, daí comecei a cair para o lado do empreendimento, não dava tempo. Quase nunca jogo sério, entro para me divertir. Neste torneio foi igual, entrei para brincar, dar all in, mas quando fiquei um pouquinho grande, comecei a levar a sério (risos). É bem legal, porque os fields são completamente diferentes, a qualidade e nível dos jogadores é muito maior do que na minha época, então estou bem feliz, é uma sensação gostosa.

Em seu início no esporte da mente, que aconteceu junto com vários dos principais nomes do poker brasileiro, Federal era um dos destaques nas mesas. No entanto, o paulista optou por outro caminho, o de empreendedor do jogo de habilidade, onde o sucesso foi ainda maior. Hoje, 15 anos depois desse momento chave, ele explicou que não se arrepende de ter abandonado uma possível carreira de jogador profissional.

Em algum momento vem [na minha mente] de eu, em algum ano, 2027 ou 28 da vida, passar o ano jogando os torneios, coisa que eu nunca consegui fazer”, explicou Trafane. “Nunca consegui ir para a Europa pegar a temporada europeia, ir para Vegas pegar uma reta grande, nunca mais fiz isso depois de 2008. Já são 15 anos que não faço isso, isso eu penso fazer. Mas eu sabia que tinha tomado a decisão correta, qual era o meu caminho, e a vida depois mostrou que era o caminho certo. Não tenho esse arrependimento, mas algum dia vou rodar o circuito jogando.

É claro que não poderia faltar muito orgulho pelo BSOP. Um dos criadores e sócios do maior circuito de poker da América Latina, Federal foi fundamental na expansão do circuito. Se o começo contava com mesas e fichas improvisadas, poucos jogadores e muito julgamento da sociedade, hoje o nível de profissionalismo, organização e aceitação do público impressiona. Os próprios jogadores exaltam a estrutura do poker brasileiro e o tratamento diferenciado que recebem em relação a outras séries live pelo mundo.

Essa parte eu me orgulho há algum tempo”, disse Federal sobre o evento. “O BSOP ficou grande, bem-organizado, a gente vai jogar os torneios em Las Vegas e vê o quanto nossos dealers são bem preparados, nossa equipe de inscrição e registro. O quanto aqui no Brasil o jogador é mais bem tratado do que lá fora, o nível de serviço, atenção, carinho, a estrutura física”, destacou Federal.

Não é porque a gente seja melhor do que ninguém, mas porque lá existem outros jogos, então o poker é uma coisa secundária, terciária, quaternária, não está na lista de prioridades deles. E aqui no Brasil, para nós, é tudo né? Então tratamos o jogador de poker bem, os dealers se especializaram, as inscrições, a estrutura física e humana. Foi algo que comecei lá atrás, mas hoje o BSOP é fruto de tanta gente que trabalha, eu sou um dos menos importantes hoje. As pessoas têm uma mania de grandeza de si próprio, mas a criação já está muito maior que a criatura. Se algum dia eu morrer, vão bater palma, fazer uma cerimônia legal, e o BSOP está aí, muito maior que eu, veio para ser eterno. Me faz feliz demais ver tudo isso.”