MAR 23 DE ABRIL DE 2024 - 03:33hs.
Coluna da opinião do jornalista e criador

Hermano Henning pede que os hipódromos brasileiros tenham cassinos como na Argentina

Hermano Henning é apaixonado por cavalos desde pequeno. Ele conseguiu realizar o sonho de conviver e criar esses animais ao adquirir o Haras Guaiuvira, em 2008, e apresenta o programa Horse Brasil, desde 2009. Em sua coluna de opinião semanal no jornal Folha Metropolitana, o veterano comunicador, que passou 23 anos no SBT, afirma que “o turfe argentino quase desapareceu, mas se salvou porque o jogo foi liberado nos Jóqueis”, e quer o mesmo para salvar a atividade no Brasil.

Confira a coluna completa de Henning no Folha Metropolitana:

Meus amigos proprietários e criadores de cavalo puro sangue inglês, atividade que sobrevive em função do turfe, vivem momentos de ansiedade. O movimento nos hipódromos do Brasil teve seu esplendor nos anos cinquenta e, de lá pra cá, foi caindo a ponto de só restarem quatro praças: São Paulo, Rio, Curitiba e Porto Alegre.
 
O mais movimentado é o Jóquei da Gávea, no Rio. O Jóquei de São Paulo vem em seguida com apenas um programa por semana nas tardes de sábado. As cocheiras de Cidade Jardim costumavam abrigar nunca menos de quatrocentos animais. Hoje são oitenta.
 
Houve tempos em que São Vicente reunia milhares de pessoas nos páreos de sexta-feira. Mesmo aqui ao lado, no Trote de Vila Guilherme, tínhamos encontros memoráveis.
 
O jogo
 
O turfe vive de apostas. E elas rarearam.
 
Muitos dizem que a crise começou com a loteria esportiva, que também teve seu auge. Agora é a Mega Sena. A Caixa Econômica Federal é a maior banqueira do jogo no país. O Estado tomou o lugar do Jóquei Clube.
 
A aposta nos cavalos ainda resiste mais no Rio do que em São Paulo. Bares e botecos espalhados por lá costumam aceitá-las, embora em menor número do que no passado. Já aqui entre nós é difícil encontrar um ponto onde se pode fazer uma fezinha nos cavalos.
 
É pena, porque o turfe já jogou um papel importante na economia do país, a começar pelo número de empregos.
 
Até hoje a criação de cavalos emprega milhares de profissionais. São tratadores, treinadores, veterinários, jóqueis, a indústria de rações, remédios, trabalhadores rurais na cultura do feno e alfafa. Fora os funcionários dos próprios clubes.
 
É bom lembrar que a Argentina, onde o turfe vive momentos gloriosos – Buenos Aires tem dois hipódromos com corridas diárias e movimento milionário de apostas – viveu essa mesma situação nossa. Na Argentina, o turfe quase desapareceu. Salvou-o uma iniciativa do Congresso: o jogo foi liberado nos jóqueis.
 
Quem vai a Buenos Aires, uma visita ao Hipódromo de Palermo é quase obrigatória. Além de apostar nos cavalos, lá existe um movimentadíssimo cassino oferecendo atrações incríveis para o turista.
 
O mesmo acontece em San Isidro, onde todos os anos temos o maior grande prêmio da América Latina: o Pelegrino.
 
Agora que a liberação do jogo voltou a ser tema de debate entre nós, é bom lembrar que além do combate ao desemprego com a chance de aumentar de cinco para vinte milhões de turistas anualmente no país, sua liberação pode também salvar um importante segmento da economia.

Fonte: GMB