VIE 29 DE MARZO DE 2024 - 09:33hs.
Evert Montero Cárdenas, presidente Fecoljuegos

“Regular os jogos será benéfico para o Brasil porque arrecadará impostos”

(Exclusivo GMB) - Evert Montero Cárdenas, presidente da Federação Colombiana de Empresários de Jogos, fala sobre a importância da profissionalização da atividade no país, da necessidade de operar o setor de maneira transparente e ainda diz que se o Brasil aprovar uma lei séria, muitos empresários terão interesse em investir no país.

GMB – Como está estruturada a Fecoljuegos?
Evert Montero Cárdenas – A Federación Colombiana de Empresários de Juegos de Suerte y Azar – Fecoljuegos é uma entidade sem fins lucrativos, de caráter associativo que defende os interesses dos concessionários de jogos na Colômbia. É composta por empresários afiliados em todo o país e dirigida por um presidente que se reporta à Junta Diretiva.

Como entidade criada para defender os concessionários de jogo na Colômbia, quais foram as principais conquistas ao longo dos 17 anos de atuação?
Um dos principais objetivos da Fecoljuegos sempre foi a profissionalização do setor e aumentar a transparência, para continuar gerando riqueza para os concessionários, para os consumidores e para todos os colombianos em geral. Temos conseguido que o Estado nos reconheça como sócios estratégicos na exploração do monopólio dos jogos. Nossa maior conquista como entidade é que nos transformamos em interlocutores legítimos perante o ente regulador, os demais organismos de controle, o Estado e também com a empresa privada e com todos os órgãos que atuam nesta atividade. Muitos dos nossos empresários têm mais de 20 anos no setor de cassinos e bingos e têm se mantido com muito esforço, apesar da falta de conhecimento que o Estado e a sociedade tinham – e ainda têm – da atividade. Eles são especialistas na operação de jogos e têm muito a oferecer quanto à normatização, novos produtos e também sobre políticas públicas que deveriam reger o monopólio. Hoje, o Estado nos consulta, escuta e presta muita atenção em nossas observações. O diálogo com o ente regulador é fluido e muito produtivo. Conseguimos chamar a atenção sobre o tema ilegalidade, que tanto prejudica as empresas e a arrecadação. Hoje o Estado tem tomado medidas para coibir o jogo ilegal. Outra vitória consiste em propor e conquistar modificações na regulamentação, para benefício da própria indústria, como foi visto recentemente na reforma tributária e nas últimas regulamentações adiantadas pela Coljuegos.

Como a Fecoljuegos trata do tema "jogo responsável”?
O primeiro ato de responsabilidade diante da exploração do monopólio do jogo é fazê-lo de maneira legal. Todos nossos afiliados são concessionários autorizados com Coljuegos, o que garante que cumpram com todas as exigências financeiras e operativas exigidas pelo Estado e que sejam entregues aos jogadores, sempre, aquilo a que eles têm direito, bem como o recolhimento dos impostos ao Estado. Ao mesmo tempo, fazemos um trabalho contínuo de conscientização entre nossos afiliados sobre a importância de estabelecer políticas corporativas que promovam o jogo responsável no interior de seus estabelecimentos. Os concessionários têm muito claro que o aspecto lúdico do jogo prima pelo conceito de entrada dos jogadores nas salas para mera diversão. De qualquer maneira, diante de uma pequena porcentagem que pode desenvolver uma patologia de jogo, os próprios concessionários estabelecem limites que impeçam que as despesas com jogo excedam a capacidade econômica do jogador. Temos até um exemplo interessante de um de nossos afiliados, Winer Group, que desenvolveu um programa de jogo responsável dirigido a educar os clientes para desfrutar de maneira sadia os jogos, colocando inclusive barreiras em alguns volumes de apostas.

 

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Na Colômbia, os jogos destinam importantes recursos financeiros para a saúde. Foi uma decisão acertada para beneficiar a sociedade colombiana? Quanto é a arrecadação do governo para a saúde com os jogos?
Foi uma decisão acertada, o que demonstra a arrecadação de 2016, que alcançou US$ 152 milhões e que continua crescendo. O ser humano tem o espírito do jogo e busca formas de entretenimento que preencham essa necessidade. Ou seja, os jogos sempre existiram e não os regulamentar ou proibi-los leva a que se pratiquem na clandestinidade, com as consequentes más práticas e fraudes. Um jogador que aposta na clandestinidade não tem segurança de que se pague seu prêmio e não tem a quem reclamar, enquanto que quem explora os jogos ilegalmente enriquece sozinho. Regular os jogos é benéfico para jogadores porque assegura seu dinheiro, para empresários, porque lhes dá garantias legais para exercer a atividade e para o país, que arrecada impostos sobre o setor. O mesmo acontecerá no seu país. Se o Brasil aprovar uma lei para o setor de jogos, será benéfico para o Brasil, que arrecadará impostos, e para a sociedade, que terá uma nova opção de lazer e também mais empregos serão gerados.

O Brasil está discutindo uma lei de jogo. Acredita que a Fecoljuegos pode oferecer informações sobre a elaboração de uma lei interessante tanto para operadores locais e empresários de outros países investirem no Brasil?
Claro que sim. Podemos mostrar nossa experiência ao longo dos anos. O monopólio dos jogos na Colômbia passou por altos e baixos, acertos e erros e fomos aprendendo muito com isso. Tanto aprendemos que hoje temos uma regulamentação - ainda que não seja perfeita - que é um exemplo na região. Hoje, graças a uma relação muito próxima da Coljuegos, estamos revisando nossa lei do jogo com o objetivo de modernizá-la e adaptá-la à realidade atual.

Com uma lei séria, empresários da Colômbia teriam interesse em investir no Brasil?
Com certeza. Como comentei anteriormente, os concessionários colombianos têm muita experiência e expectativas de continuar investindo na atividade. Se se apresentarem oportunidades interessantes no Brasil, seguramente eles irão investir.

Qual a experiência de maior sucesso que a Fecoljuegos pode mostrar aos empresários brasileiros e às nossas autoridades?
A lição mais valiosa que aprendemos ao longo dos anos é que para ter um setor de jogos saudável, todos os atores envolvidos – públicos e privados – devem trabalhar em equipe, de maneira articulada. Por ser uma atividade sob concessão, são muitos os órgãos, como a Coljuegos, Polícia Nacional, governos estaduais, municipais, secretarias, conselhos, órgãos de fiscalização, Procuradoria etc. Assim, é importante estabelecer metodologias de trabalho conjunto que garanta ao Estado e aos concessionários o exercício eficiente e transparente da atividade. Como associação, nosso objetivo é ir adiante, criando uma política pública para o setor de jogos. Por isso consideramos importante que os empresários se unam e se organizem para que possam levar as discussões ao nível legislativo. Entendemos que a união dos empresários permitiu a eles participar de maneira mais forte em novas modalidades, como no caso dos jogos pela internet na Colômbia. Finalmente, a academia desempenha um papel importante em nossa missão como entidade. Promovemos eventos e capacitação que não tem apenas a ver com a indústria, mas também com todos os aspectos da administração de um negócio de sucesso. Nossos empresários se atualizam para enfrentar um mercado com muitas mudanças e com consumidores cada vez mais exigentes e sofisticados.

 

Fonte: Exclusivo GMB
Autor: Gildo Mazza